
Monday, February 27, 2006

Friday, February 24, 2006
Monday, February 20, 2006

Galeria viscontiana



Friday, February 17, 2006

O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee
Intimista e delicada, esta é tanto uma obra sobre o tabu da homossexualidade na América profunda dos anos 60 como sobre a tragédia de qualquer ser humano, esmagado por uma sociedade que o espartilha violentamente. Herdeiro de uma cultura que venera as forças da Natureza (em particular a montanha e a neve, como o testemunha a tradição artística chinesa), Ang Lee contrapõe a esse espartilho a Natureza, majestosa na sua semi-eternidade, que proporciona a estes homens a ilusão de uma vida sem culpa.
Ao longo dos anos, ambos – Jack Twist e Ennis del Mar – pagarão todas as facturas que o seu pequeno mundo lhes vai apresentando: concordarão em casar com as mulheres que os escolhem, terão crianças com elas, representarão, compenetrados, o papel de macho dominante, mas voltarão todos os anos à montanha em que se conheceram, no Verão de 63, querendo prestar tributo ao seu amor perdido. Para ambos, este lugar adquiriu uma dimensão mágica, onde, por momentos, o impossível se torna realidade. O impossível – dizemos – porque, pelo menos a um deles, este amor nunca deixará de parecer fenómeno bestial que importa silenciar, tal como o sofrimento da mulher com quem casou ou os pedidos de atenção da namorada e das próprias filhas. Criados na mais austera (porque não mesmo, na mais violenta) educação da masculinidade, estes dois homens ver-se-ão confrontados com provas consecutivas à sua identidade. Inteligentíssimo, Ang Lee não cede a estereótipos fáceis. Tal como fizera em Tempestade de Gelo (o filme de 1997 em que habilmente escalpeliza o mito da família média norte-americana), desfia, com mão segura, as pequenas cobardias, mais sugeridas do que ditas, que compõem esta tragédia. Num tempo lento, porventura difícil de vender numa época em que o cinema vive de montagens cada vez mais velozes, Ang Lee faz estilhaçar vários mitos – o de uma identidade masculina à prova de dúvidas, mas também todas as pequenas fortalezas que construímos, vida fora, com o único propósito de nos escondermos.
Thursday, February 16, 2006
Monday, February 13, 2006

Tanto mar!
Estou fechada na «repartição». Estarei fechada na «repartição» por várias horas mais. De repente, lembro-me de que, há uns anos largos, uma bruxa me disse que só seria feliz perto do mar. Não si se a senhora era competente, mas, a tal lembrança, fiquei com sede de horizontes largos.
Thursday, February 09, 2006
Wednesday, February 08, 2006
4 empregos/trabalho que já tive: Alimentar a vaidade dos outros; aturar gente histérica; ouvir os desgostos alheios e calar os meus; ser muito feliz apesar destes.
4 filmes que consigo ver vezes sem conta: O Leopardo; O Fantasma Apaixonado; Casablanca e Um Amor Inevitável (na verdade, são muitos mais)
4 sítios onde vivi: Sou uma nómada incorregível, mas casas a sério só tive duas: a dos meus pais, em Vila Franca Xira, e a minha, em Lisboa.
4 séries de tv que não perco: Sexo e a Cidade; Ally MacBeal; Upstairs, Downstairs; Cosmos
4 sítios onde passei férias: Vila Nova de Milfontes, País Basco, Londres, Amsterdão.
4 pratos preferidos: Sapateira recheada (na Portugália), feijoada de marisco, o meu bolo de chocolate, cozido à portuguesa do Restaurante «Também Quero», em Benfica, Lisboa.
4 sítios onde gostava de ir em breve: Saint Malo e Mont Saint Michel, em França, com o meu «maninho»; Nova Iorque com amigas; Cornualha com «cara-metade»; Vila Viçosa.
Tuesday, February 07, 2006

Chema Madoz em Madrid
São fotografias surrealizantes que convidam à criação de histórias (talvez porque o autor não as submeteu ao «açaime» das legendas). Está patente até 21 de Maio, no edifício da Telefonica, em Madrid (Gran Vía, 28) e vale muito a pena. Também gostaríamos que alguma instituição portuguesa mostrasse a Portugal a extraordinária obra deste fotógrafo nascido em Madrid em 1958. Penso sobretudo num blogger amigo, preocupado com o funcionamento das coisas, que deliraria com uma exposição de Madoz...
Thursday, February 02, 2006

Fim-de-semana
É uma das minhas pátrias e vou atravessar meia Península, noite dentro, para lá passar o fim-de-semana. Serão quase 48 horas para esquecer as mediocridades do quotidiano. Haverá muito frio, claro, mas também caminhadas de cara ao vento, livros e sons novos, um não acabar de palavras, uma cascada de gargalhadas, maus cafés, copas a mais, rios de mimo, nenhum sono, energias regeneradas para enfrentar várias semanas de cinzentismo. «Madrid me mata?» Não, Madrid devolve-me a alegria dos dias por viver.
Wednesday, February 01, 2006
Tuesday, January 31, 2006

Os meus favoritos
Gosto muito, muito de Woody Allen, talvez, por isso, não seja tão entusiasta de um filme atípico dele como os meus queridos amigos. Aí vai a lista dos meus «woody's» favoritos:
1. Manhattan (1979);
2. The Broadway Danny Rose (1984);
3. A Rosa Púrpura do Cairo (1985);
4. O Misterioso Assassínio em Manhattan (1993);
5. Toda a Gente Diz que te Amo (1996);
6. Sweet and Lowdown (1999);
Friday, January 27, 2006

Wednesday, January 25, 2006

«Não me engana a memória quando me põe assim numa bandeja tudo o que foi nosso. Como num restaurante sumptuoso, quando trazem o carrinho das sobremesas, os nossos dias tiveram tudo o que dois namorados podem desejar. Uma dádiva da teoria de probabilidades que determinara que a estatística pusesse nas nossas mãos uma combinação de números que funcionou. Encontros inocentes em que nos púnhamos a escrever um dicionário novo para nomear pela primeira vez as peças do universo; a lenta descoberta dos nossos objectos sagrados; a fremente expressão da curiosidade, que acabaria por dar lugar ao desejo; o eterno jogo de estender pontes sobre o mar da culpa; e o medo, o imenso medo de colher a fruta madura que, desde que o mundo começou a funcionar, pede para ser comida».
Jordi Nadal, Tão Perto de Ti;
Monday, January 23, 2006
Na aldeia que é o meu bairro de Lisboa os casais de meia idade endomingam-se para votar. Ele põe uma gravata sob o anorak e ela tira da naftalina o casaco dos Natais. Tomam um café sem falar e vão devagarinho, Estrada de Benfica fora, a gozar um tímido sol de Inverno. Vão até às assembleias de voto na Secundária Pedro de Santarém, compram bolos ou castanhas aos vendedores que montam banca no local sempre nesta ocasião. Por qualquer razão que a História e a Sociologia ainda não apuraram, os Domingos de eleições têm, em Portugal, uma qualquer aura que os torna diferentes de todos os outros. Será por que estas pessoas ainda se lembram do tempo em que os votos não passavam de uma encenação perversa? Ou porque se sentem chamados à responsabilidade de assumir um pequeno poder, que só se volta a repetir quatro anos depois?