«Não me engana a memória quando me põe assim numa bandeja tudo o que foi nosso. Como num restaurante sumptuoso, quando trazem o carrinho das sobremesas, os nossos dias tiveram tudo o que dois namorados podem desejar. Uma dádiva da teoria de probabilidades que determinara que a estatística pusesse nas nossas mãos uma combinação de números que funcionou. Encontros inocentes em que nos púnhamos a escrever um dicionário novo para nomear pela primeira vez as peças do universo; a lenta descoberta dos nossos objectos sagrados; a fremente expressão da curiosidade, que acabaria por dar lugar ao desejo; o eterno jogo de estender pontes sobre o mar da culpa; e o medo, o imenso medo de colher a fruta madura que, desde que o mundo começou a funcionar, pede para ser comida».
Jordi Nadal, Tão Perto de Ti;
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