Friday, February 24, 2006

O mistério (o começo de uma história ou talvez não)
Ela sabe que ele está mesmo ali. Com o próximo cigarro entre os dedos, a delinear o mapa duma aventura. Olha-a com insistência e não disfarça. Ela baixa os olhos porque, por mais que subverta a ordem dos dias, há uma parte dela que herdou a austeridade católica da mãe e da avó – uma senhora não deseja; concede. Pode decifrar o mistério se der um passo em frente. Está mesmo ali, ao alcance de uma única palavra, mas valerá a pena? Se um dia os seus olhos forem apenas peixes (não verdes, como no poema do Eugénio, mas peixes banais e quotidianos), o que restará deste erotismo alimentado pelo mistério? E se, numa destas manhãs, ela não descer o olhar à sua passagem?

4 comments:

said...

Ai...

maria joão martins said...

E então? A história continua ou não? O que achas?

Thiago said...

Tem que continuar...

said...

Bem...é que até me deu aqui uma coisa no peito quando li isto, João.

Acho que se continuar perde-se uma coisa e ganha-se outra, entendes?
E o que se ganha um dia acaba, mas depois é recordado...entendes?

Se ela concede, no dia em que passar essa barreira será ainda mais ofegante e ardente...

Que achas?