Monday, September 19, 2005
Livros da minha vida, I
«As famílias felizes assemelham-se todas; as infelizes são-no cada uma à sua maneira». É com esta frase (ou, pelo menos, com esta ideia) que abre o romance de Leo Tolstoi, Anna Karenina. É um dos livros que levaria, sem hesitações, para a tal ilha deserta de que tanto se fala... Li-o há vários anos numa tradução do Russo para Inglês, quando a longa agonia de minha mãe me fazia sentir que atravessava um túnel sem luz à vista. E aquelas personagens, que a serem «verdade» teriam vivido num mundo tão diverso do nosso, proporcionavam-me uma reconfortante companhia. Ainda hoje não consigo saber como alguém que escreveu uma epopeia tão absorvente como Guerra e Paz, ainda arranjou tempo e génio para produzir um drama passional tão denso como este, onde, contrariando maniqueísmos fáceis, cada personagem é um mundo.
Recordo este livro a propósito da transmissão, na RTP, no passado sábado, daquela que é justamente considerada a melhor adaptação cinematográfica das várias que o romance de Tolstoi teve - a de Clarence Brown, protagonizada por Greta Garbo e Fredric March. Assinalava-se assim o centenário do nascimento de Garbo. Da melhor forma. Setenta anos depois de realizado o filme, o encontro de Anna com o Conde Vronsky, na estação de caminhos-de-ferro de Moscovo, ainda corta a respiração.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
2 comments:
tu é que me cortas a respiração. beijos.
Estou derretida...
Post a Comment