Thursday, September 01, 2005



O eterno Rusty James

Chegar-nos-emos a curar das paixões da adolescência? Ou é a nostalgia que lhes empresta uma aura suplementar? Foi o que me perguntei após a sessão de cinema em que «reencontrei» o rapaz cujo retrato colava em todos os dossiers levados para o liceu. É este aqui ao lado, com pinta de lobo mau. Eu tinha 16 anos, acabara de ver Os Marginais, de Francis Ford Coppola e senti-me - como direi? - muito agradada. Quando, pouco depois, o mesmo realizador fez dele o eterno Rusty James, de Rumble Fish, foi a paixão total. Ficava toda a aula de Francês a sonhar com o dia em que ele haveria de me resgatar às agruras do Passé Composé.
Os anos passaram e o retrato amareleceu na capa do dossier. Talvez por isso tenha sido tão emocionante ver Colisão e «reencontrar» Matt Dillon, 20 anos mais velho, num papel que poderia ser a evolução natural dos seus rebeldes proletários, a fingir que não estavam derrotados à partida. Duros e, no entanto, vulneráveis como se os acompanhasse interiormente uma balada de Bruce Springsteen. Fosse ele menos bonito e poderia ser um homem da minha família.

4 comments:

said...

Ainda bem que foi só uma paixão de adolescência! :)
O filme...o filme é grande.

maria joão martins said...

Considero Colisão o filme do ano.
Mas Rumble Fish é um dos (felizmente são muitos) filmes da minha vida. Revi-o, há não muito tempo, na Cinemateca, em pleno estado de adoração religiosa.

said...

Rumble Fish não vi...como muitos outros, mas tenho tempo.
"Adoração religiosa" tem a sua piada...o seu quê...:)

maria joão martins said...

O ambiente do cinema - escuridão, silêncio, imagens projectadas em écran gigante - sempre proporcionou adorações religiosas. Pelo menos, até à chegada dos telemóveis e ao pessoal desatar a conversar por essa via, como se estivesse na sala de estar.