Friday, October 27, 2006

http://www.youtube.com/watch?v=p790vmF1Ix8

Férias! Uma semaninha fora da repartição e dos seus nauseabundos aromas! Deixo-vos esta música que me diz tanto e um grande beijo.

Thursday, October 26, 2006

José Eduardo Agualusa

Ainda numa de lusofonia (o que raramente acontece, admito), gostaria de vos recomendar o último livro do angolano, José Eduardo Agualusa, Passageiros em Trânsito. São contos breves, muito bem escritos (como se impõe sobretudo num género breve, que desfiam as pequenas grandes histórias de anónimos cidadãos do mundo que se cruzam apenas por um instante.

Wednesday, October 25, 2006

João Ubaldo Ribeiro

Nostálgica de um pouco de sol, hoje fiz-me acompanhar do livro do escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro, Miséria e Grandeza do Amor de Benedita. E se não encontrei o dito sol, deparei, porém, com o prazer da língua portuguesa cozinhada como uma iguaria rara. Qus isto de se achar que o Português do Brasil é coisa de somenos, é pura ignorância da literatura brasileira contemporânea. Recomendo vivamente!

Monday, October 23, 2006

http://www.youtube.com/watch?v=ddquVvGxTS8

Foi você que me chamou pop girl...?
Uma Verdade Inconveniente

Não é um filme cómodo, mas é infinitamente pedagógico. Uma Verdade Inconveniente (em exibição no Nimas, em Lisboa) mostra como, por ignorância e leviandade, estamos a arruinar a nossa qualidade de vida e a comprometer o futuro das gerações seguintes. Al Gore, antigo vice-presidente dos Estados Unidos e concorrente derrotado de Bush em 2000, chama a atenção para a «ameaça terrorista» inerente ao aquecimento global: verões cada cada vez mais violentos; fenómenos meteorológicos mais extremos como o furacão Katrina; centenas de animais mortos devido a alterações drásticas no seu habitat. Não acreditem quando vos disserem que é uma fase e que isto depois passa.

Friday, October 20, 2006

Maria Antonieta, parte II

As expectativas eram tantas que fui ver o filme ontem mesmo, na estreia. Mas não gostei particularmente. Beleza plástica à parte (o que não é favor nenhum quando é permitido filmar em Versailles e no Trianon), Sofia Coppola não teve o engenho de fazer mais do que uma reconstituição linear da vida da trágica Rainha até à eclosão da Revolução Francesa, seguindo a par e passo a biografia feita pela historiadora Antonia Fraser. Não teve a ousadia de defender até ao fim aquela que parece ser a tese do filme: a de que Maria Antonieta foi a primeira estrela pop de sempre, pelo grau de exposição a que a sua breve existência esteve sujeita. Sofia sugere-o com a excelente banda sonora (em vez de música barroca, temos Siouxsie & The Banshees, the Strokes, New Order, Air e The Cure) mas a subversão do género histórico acaba nesse ponto. Intui-se que a cineasta concebe Maria Antonieta como um ser algures entre Jackie Kennedy e Kate Moss, mas faltou-lhe o golpe de asa para sustentar esse paralelismo durante todo o filme. E é pena.

Thursday, October 19, 2006

http://www.youtube.com/watch?v=_s1YngtN3y4

Marie Antoinette (a propósito da estreia do filme de Sofia Coppola, hoje, dia 19, em Lisboa

«Só é ferido pelo destino quem não se soube dominar; em toda a derrota há um sentido e uma falta», escreve Stefan Zweig, na frase com que se propõe resumir a trágica existência da Rainha que a França fez guilhotinar a 16 de Outubro de 1793. Filha de um animal político como foi a Imperatriz Maria Teresa de Áustria, a jovem arquiduquesa sempre enjeitou os ensinamentos de uma instrução séria. Casada – como todos os príncipes do seu tempo – para responder aos interesses diplomáticos da dinastia em que nascera, foi com desgosto que se sujeitou às lições de um preceptor francês que procurava familiarizá-la com a História, a Literatura, os usos e costumes do país onde seria chamada a reinar. Igual destino teriam os insistentes conselhos da mãe, ainda em Viena e depois enviados por carta para Paris, quase todos relativos a questões de política externa e, sobretudo, ao que os súbditos esperam do comportamento duma Rainha de França. Volátil, Maria Antonieta desliza de divertimento para divertimento. Perspicazes como só as crianças conseguem ser, os filhos haveriam de lhe conceder o título de «Mousseline, la Sérieuse».
Neste frenesim de prazeres, Maria Antonieta esquecia talvez o desgosto de ver destroçados os seus sonhos de menina. Indolente e taciturno, Luís XVI estava longe de corresponder ao que habitualmente se espera de um príncipe encantado.
As nuvens começaram a avolumar-se muito antes de irromper a borrasca. A partir de 1785, o povo de Paris começa a murmurar gravemente sobre o comportamento da Rainha. Chamam-lhe devassa, tirânica, excessivamente despesista e sem qualquer contemplação para com as reais necessidade da França. Ocasionalmente recordam-lhe que é estrangeira, chamando-lhe «a austríaca». Finalmente, resumem todas essas acusações no título que soará já como uma ameaça: «Madame Deficit».
A 14 de Julho de 1789, a tomada da prisão da Bastilha, torna-se um símbolo da irreversibilidade do processo revolucionário. E é então que, ao sentir-se ameaçada, o carácter de Maria Antonieta conhece uma transformação, unanimemente reconhecida por todos os historiadores. Mousseline, la Sérieuse cede lugar a uma heroína trágica, que responde à gravidade dos acontecimentos com uma determinação que antes só colocara na escolha das toilettes. Deposta, presa no Templo, com toda a família, Maria Antonieta será sucessivamente confrontada com a execução do marido (a 21 de Janeiro de 1793), a separação dos filhos e um processo vergonhoso em que, para além de ser acusada de alta traição e conluio com as potências estrangeiras, a fazem ouvir que teria iniciado o Delfim, seu filho, em jogos sexuais. Indignada, a Rainha apela às outras mulheres presentes no tribunal, algumas das quais não ocultam a emoção. Apesar da defesa vigorosa que soube apresentar, a sentença de morte é conhecida às 4 da manhã de 16 de Outubro de 1793 e posta em prática horas depois, nesse mesmo dia. Prematuramente encanecida – só conta 38 anos incompletos – enfrenta a morte com uma serenidade que se tornou lendária. Recusa o serviço espiritual do sacerdote constitucional com que a nova ordem revolucionária substituira os padres católicos e emudece a turba que se juntara para assistir à execução. Estava consumado o turbilhão que fora breve a sua existência. Sofia Coppola considerou-a tão exemplarmente contemporânea que não hesitou em fazê-la rodopiar ao som dos New Order.

Tuesday, October 17, 2006



Penélope posta em desassossego

Já vos falei de Son de Mar, de Manuel Vicent, que trouxe de Madrid. Terminada a leitura, digo-vos que é um dos melhores livros que li nos últimos (largos) meses. Muito bem escrito e estruturado, conta a belíssima história de paixão entre um professor de Literatura Clássica, Ulisses de seu nome,e sua mulher Martina. Ela ama-o até à loucura, ele só sabe que a ama na mesmíssima proporção depois de se perder dela e da sua antiga vida, mundo fora. Regressa ao cabo de dez anos, em que, tendo-o julgado morto, Martina e a aldeia lhe fizeram o funeral, adaptando-se aos novos tempos. O reencontro estará à altura da grandeza das personagens.
Só uma dúvida me aflora o espírito: e se, um dia destes, um escritor (ou uma escritora) criar uma Ulisses, uma mulher que necessite de se perder no mundo para saber que o homem da sua vida fora o que deixara em terra? Cairiam os alicerces da civilização ocidental?

Friday, October 13, 2006

http://www.youtube.com/watch?v=WwxdydRpjFw

A teu pedido, «red rose of all my days»

Thursday, October 12, 2006

http://www.youtube.com/watch?v=NwoJNYz09zc

Este fim-de-semana será glamorous.

Wednesday, October 11, 2006

Son de Mar

Se outra coisa não proporcionasse, Madrid seria sempre uma cidade de descobertas. Neste momento, ando a deliciar-me com o livro de Manuel Vicent, Son de Mar (edição Santillana, 1999). Dou-vos a provar este «cheirinho»:

«Las terrazas de los cafetines del puerto estaban pobladas de veraneantes con la tripa al aire rodeados de madres que tiraban de los carritos de bebés sobre envases pringados con restos de helados y había llantos de algunos niños, gritos de muchas pandillas adolescentes que lamíam algodones de azúcar y estruendo de tubos de escape de las motos que cruzaban. Algunas ventadas del siroco se llevaban este jolgorio de la tarde de domingo hacia las afueras del barrio marinero y por la pinta de la escollera se perdía en el mar y con el viento se alejaban también las melodías de amor que cantaba el vocalista entre solos de trompeta. Era la mitad de agosto. El verano non havía entrado aún en melancolía e aunque ése había sido un día aciago en que havía finalizado una historia de pasión, la gente bailaba, escupía pipas de girasol, tomaba cerveza, sudaba y era feliz sin importarle nada que no fuera vivir ese instante (...)»

Wednesday, October 04, 2006

http://www.youtube.com/watch?v=5gNkp_RtL_4

Este fim-de-semana será em Madrid

Monday, October 02, 2006



Para o «Asinhas»

Com um brilhozinho nos olhos

Com um brilhozinho nos olhos
corremos os estores
pusemos a rádio no "on"
acendemos a já costumeira
velinha de igreja
pusemos no "off" o telefone
e olha, não dá p'ra contar
mas sei que tu sabes
daquilo que sabes que eu sei
e com um brilhozinho nos olhos
ficamos parados
depois do que não te contei

Com um brilhozinho nos olhos
dissemos, sei lá
o que nos passou pela tola [o que nos passou pelo goto]
do estilo és o "number one"
dou-te vinte valores
és um treze no totobola [és o seis do meu totoloto]
e às duas por três
bebemos um copo
fizemos o quatro e pintámos o sete
e com um brilhozinho nos olhos
ficamos imóveis
a dar uma de "tête a tête"

Sérgio Godinho