Thursday, December 27, 2007







Os meus conceitos para 2008


Para o próximo ano, nada de disposições, apenas dois conceitos:


Graça, s.f, elegante, espírito, airosidade, graças, três deusas que simbolizam o encanto;


Redenção, s.f, acto ou efeito de redimir, resgate, salvação, remédio eficaz;

Wednesday, December 26, 2007

Óscar de melhor presente Natal 07

Adorei todas, todas sem excepção, mas o meu Oscar vai para estas palavras cheias do mais puro amor: «o meu presente de Natal, de anos e de vida és tu!Sempre!»

Tuesday, December 11, 2007



A história da minha vida

«Eu costumava ser a Branca de Neve mas derreti».

Mae West


Mae West, nossa querida mestra


  1. «A hard man is good to find. His mother should have thrown him away and kept the stork»
  2. "Why don't you come on up and see me sometime, when I got nothin' on but the radio?"
  3. "Good girls go to heaven, but bad girls get to go everywhere."
  4. "Sex is like bridge. If you don't have a good partner, you'd better have a good hand."
  5. "My left leg is Christmas and my right leg is New Year's. Why don't you visit me between the holidays?" [To the remark, "Goodness, what a beautiful diamond!":] "Goodness had nothin' to do with it, dearie."
  6. "It's not the men in your life that matters, it's the life in your men"
    [To the question, "Are you trying to show contempt for this court?]: "I'm trying to hide it."

Thursday, November 15, 2007

Notinha importante: as fotos são da autoridade de três queridos convidados da festa, Francisca Cunha Rêgo, João Ribeiro e Cristóvão



Cenas de uma noite especial, 2

Wednesday, November 14, 2007







Cenas de uma noite especial



Lançamento de Escola de Validos, Reitoria da Universidade de Lisboa, 13/11/07











































Tuesday, November 13, 2007

Um sucesso, pequenino que seja, tem as mesmas propriedades que um líquido revelador: mostra tudo - o que queremos e o que não queremos. Hoje estou a descobrir quem está comigo e quem, na verdade, nunca esteve.

Monday, November 05, 2007



Escola de Validos

Aí está ele, o meu «menino»: estará à venda na próxima quarta-feira. Será lançado no dia 13, às 21.30 na Reitoria da universidade de Lisboa. A apresentação estará a cargo do escritor Vergílio Alberto Vieira.

Friday, September 21, 2007

Madame Bovary

Deram-lhe dinheiro para o casamento, ela trocou a festa por uma banheira de hidromassagem.

Thursday, September 06, 2007

Até já

A vida tornou-se demasiado exaltante para a conseguir escrever. Mas voltarei.
Entretanto, enjoy it and express yourself. Sem medos!

Madonna - Express Yourself (1989)

Monday, August 27, 2007

Coisas em que acredito

«A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro nessa vida».
Vinicius de Moraes

Tuesday, August 14, 2007

Thursday, August 09, 2007

Focus

Os 40 anos têm vantagens. Compreende-se que acabou o tempo para borboletas atraídas pela luz do poder, amigos ambíguos, princesas da ervilha, donos da verdade, manipuladores, fofoquices. Há que manter o foco no que realmente interessa: bom trabalho e amor verdadeiro. Aqui fica a bela história de Sofia, para ilustração e exemplo.

Thursday, July 19, 2007

The way I feel at 40 years old
«Qui primavera sempre ed ogni frutto», Dante
«Ragionando con meco ed io con lui», Petrarca


«Ama-me que te amo» - dá-me tua vida;/
«Ama-me porque te amo» - em nossa glória/
Seremos iguais na terra florida/
Do amor que não conhece divisória

O amor é feito em pedra e não areia,/
O amor ri-se no meio da tempestade./
E quem apagou do amor a candeia?/
E quem tolheu do amor a liberdade?

Mau grado o diga meu coração parte;/
Pouco nos vemos, muito nos esquecemos:
Aí está um problema pr'à tua arte!

Contudo diz a Bíblia que nós lemos:/
Se o ciúme é morte e a morte é forte,/
O amor porém é forte como a morte.

Christina Rossetti (1830-1894)

Tuesday, June 26, 2007

http://www.youtube.com/watch?v=9cNjTYsy_1E
Para o J., a nossa canção

Wednesday, June 20, 2007



Colheita de 67

Miss Nicole Kidman faz hoje 40 anos. Parabéns!Esta colheita de 67 é muito boa.

Monday, June 18, 2007

Não lhe chamem condessa que a põem tensa

Quando era criança, ambicionava ter mordomo. Ele entraria na drawing room, impecavelmente britânico, e servir-me-ia o Earl Grey, chamando-me «Milady». Como de costume, a vida encarregou-se de me render à evidência que o senhor não se adaptaria à geografia de um T3 em Benfica. Mas há quem mantenha, na vida adulta, a elevação dos sonhos de infância. É o caso de Beatriz Batarda. Como se sabe, os questionários de Proust e outros inquéritos jornalistícos são espaços onde os notáveis da nossa praça gostam de se mostrar com toda a sinceridade. Mas, no último JL, a actriz chega a ser comovedora. Interrogada sobre os seus lugares de eleição, as escolham recaem sobre: «um centro hípico». Porquê? Porque «quando era criança passava os fins-de-semana no Centro Hípico Quinta da Marinha». Em Lisboa, prefere a «esplanada do Hotel Ritz de Lisboa, da piscina do Hotel Tivoli de Lisboa, da vista do Hotel do Chiado». No entretanto, o Ambrósio toma a liberdade de pensar nos Ferrero Rocher.


Para o Thiago, a nossa música, porque há amizades que saem reforçadas de uma tarde à chuva.

Tuesday, June 12, 2007



Noite de Santo António, noite de Lisboa

É, entre todas as noites festivas, a que prefiro. Não que tenha qualquer paixão gastronómica por sardinhas, mas a cidadania de Lisboa está-me nos genes (pertenço a uma das poucas famílias que tem, pelo menos, quatro gerações consecutivas de nados na cidade) e, como tal, esta noite em que se troca uma proverbial melancolia por música e balões coloridos tem o dom de me comover.

Gosto da confusão de Alfama, das bancas que vendem arroz doce, dos toscos tronos a Santo António, dos mangericos viçosos que, chegados a casa, duram poucos dias, do deslumbramento dos turistas.

E gosto muito daquilo em que a lenda popular transformou um doutor da Igreja.

Monday, June 04, 2007

Lovers go home!

Ahora que empecé el día
volviendo a tu mirada,
y me encontraste bien
y te encontré más linda.

Ahora que por fin
está bastante claro
dónde estás y dónde estoy.

Sé por primera vez
que tendré fuerzas
para construir contigo
una amistad tan piola,
que del vecino
territorio del amor,
ese desesperado,
empezarán a mirarnos
con envidia,
y acabarán organizando
excursiones
para venir a preguntarnos
cómo hicimos.

Mario Benedetti

Friday, June 01, 2007



A 25 de Setembro lá estaremos. Police forever!

Thursday, May 31, 2007

A ler: a belíssima autobiografia de António Pinto Ribeiro no próximo JL, a publicar na quarta-feira, 6 de Junho.

Monday, May 28, 2007



A revista feminina mais transgressora da História acaba de completar 10 anos. A francesa jalouse continua a ser um farol para quem se interessa pelo que de mais vanguardista se faz em moda mas também para todos os que se ocupam das culturas urbanas. O número de aniversário revisita o que de melhor publicou durante a década e aponta pistas para o futuro. Aqui seguem os parabéns de uma leitora incondicional.

Thursday, May 24, 2007


The Cure, Want

«There are no second acts in american lives», diz ela, citando Scott Fitzgerald, enquanto se aproxima do BIG 40!

Wednesday, May 23, 2007


O craque encaixilhado

Recordo-o envolto numa nuvem de fumo, as pontas dos dedos amareladas pelos cigarros «Porto» que fumava incessantemente. Era assim o meu avô materno, Fernando de seu nome, morto aos 62 anos, um mês depois do 25 de Abril, quando eu ainda não sabia que coisa estranha era essa de perder alguém que ainda ontem nos carregara às cavalitas. Homem alegre, mas marcado pelo duro quotidiano do Portugal salazarista, criara as três filhas à custa de muita acrobacia orçamental e de um silêncio ressentido sobre qualquer assunto que, mesmo de leve, «cheirasse» a Política.
Este meu avô tinha, quando cheguei à sua vida, duas paixões maiores: os dois netos e o Benfica. Contemporâneo dos grandes feitos do clube nos Campeões Europeus, passava os seus melhores domingos no então recém-construído Estádio da Luz. Em tarde de maior empolgamento, chegou a casa determinado a pregar a foto de José Águas na parede da sala, entre os retratos de família. Ao que minha avó se opôs, imagino pelo que dela lembro, com uma determinação tão serena quanto inabalável. O retrato encaixilhado do craque foi guardado numa gaveta, mas meu avô remoía ainda no modo de expressar condignamente a sua paixão pelo «Glorioso».

Numa outra tarde chegou a casa com novidade mais consensual. Um cachorro de pata curta, a indicar que não tomaria maiores dimensões. Já trazia nome, informou. Que era – surpresa das surpresas – Benfica. O animal tão amorosamente designado cresceu em rafeirice e escassa simpatia. Sem que ninguém o instruísse para tal, atacava voluntariamente visitas e cobradores. Tinha, no entanto, um ódio de estimação, a cujos passos, no patamar, reagia, mês após mês. A fúria do animal atingia o auge quando, a medo, com as quotas por cobrar, o homem anunciava de onde vinha: «Benfica!» Sentindo-se provocado ao julgar ouvir o seu nome na boca de um desconhecido, o modesto canídeo adquiria então a raiva de um pittbull. A cena entrou rapidamente no anedotário dos sportinguistas locais, mas jamais beliscou a dedicação clubística da família. Só a minha avó, envergonhada pelo falatório da vizinhança, pensava que, mal por mal, mais valia ter ficado com o retrato de José Águas.

Friday, May 18, 2007

Aguento estoicamente enquanto conto os dias. Itália espera-me daqui a um pouco mais de um mês. Desejo-vos um esplendoroso fim-de-semana!

Thursday, May 17, 2007

AMOR

Mi manera de amarte es sencilla:
te aprieto a mí
como si hubiera un poco de justicia en mi corazón
y yo te la pudiese dar con el cuerpo.

Cuando revuelvo tus cabellos
algo hermoso se forma entre mis manos.

Y casi no sé más. Yo sólo aspiro
a estar contigo en paz y a estar en paz
con un deber desconocido
que a veces pesa también en mi corazón

Antonio Gamoneda
Manhãs

«Decidiu recordar o que amara na vida. As músicas preferidas, o perfume delicado dos cravos, o sabor da pimenta-preta, o champanhe, o pão fresco, os bons momentos na companhia dos entes queridos, o ar depois da chuva, o vestido azul, os melhores livros. Fora bom, mas não lhe bastara
(...)
Também se lembrou de que gostara muito das manhãs.
(...) o que se passava durante as noites, para que o ar se mostrasse sempre renovado de manhã? Que redenção perpétua era aquela?E porque não se salvavam todos aqueles que o respiravam?
Traidora era aquela luz inefável, promessa de um dia perfeito, genérico muito superior ao filme que se seguiria. Todo o prazer dos dias está na manhã com que começam, dizia alguém».

Amélie Nothomb, Ácido Sulfúrico, Edições Asa

Tuesday, May 15, 2007

http://www.youtube.com/watch?v=e-At6avvY_4

Friday, May 04, 2007

TPC

Haverá laços entre pessoas que têm existência própria para além da vontade e dos projectos dos enlaçados? E, se assim for, significa que é connosco que Deus joga aos dados? Aceitam-se respostas para este «apartado». Bom fim-de-semana!

Thursday, May 03, 2007

Gracias a la vida

(Violeta Parra)


Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me dio dos luceros que, cuando los abro,
perfecto distingo lo negro del blanco,
y en el alto cielo su fondo estrellado
y en las multitudes el hombre que yo amo.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado el oído que, en todo su ancho,
graba noche y día grillos y canarios;
martillos, turbinas, ladridos, chubascos,
y la voz tan tierna de mi bien amado.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado el sonido y el abecedario,
con él las palabras que pienso y declaro:
madre, amigo, hermano, y luz alumbrando
la ruta del alma del que estoy amando.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado la marcha de mis pies cansados;
con ellos anduve ciudades y charcos,
playas y desiertos, montañas y llanos,
y la casa tuya, tu calle y tu patio.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me dio el corazón que agita su marco
cuando miro el fruto del cerebro humano;
cuando miro el bueno tan lejos del malo,
cuando miro el fondo de tus ojos claros.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto.
Así yo distingo dicha de quebranto,
los dos materiales que forman mi canto,
y el canto de ustedes que es el mismo canto
y el canto de todos, que es mi propio canto.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.

Tuesday, April 24, 2007

http://www.youtube.com/watch?v=PBK7bd3UYow


Porque amanhã todos fazemos anos, mesmo os que passam pela data como se não a conhecessem.

Tuesday, April 17, 2007

Estilhaçar o figurino

Ontem fui ao futebol, ver o meu Benfica empatar com o Braga. Na mala levava Ma Vie de Carl Jung. Sou assim, paradoxal, com um gosto muito particular por estilhaçar figurinos. Não aguento passar o dia em pose de intelectual, como não aguento o cheiro a roulotte de fritos mais do que uma vez por época. Tenho horror a rótulos e recuso-me a viver como me mandam. Não sou beta, não sou proletária, não sou intelectual de esquerda e muito menos neo-liberal de fachada democrática. Sou o desespero da minha repartição e ADOOOOOOOOOOOOOOOOOOORO!!!!!!!

Monday, April 16, 2007

Ouço esta maravilha e não posso deixar de pensar na boutade racista e etnocêntrica do editor de um jornal com responsabilidades: «Os brasileiros continuam pendurados na árvore!»
Abençoada árvore, não?
http://www.youtube.com/watch?v=ijCwWsG_IBg

Para começar muito bem esta semana
Caetano canta Carolina

Wednesday, April 11, 2007

I'm Nobody! Who are you?
by Emily Dickinson


I'm Nobody! Who are you?
Are you – Nobody – too?
Then there's a pair of us?
Don't tell! they'd advertise – you know!

How dreary – to be – Somebody!
How public – like a Frog –
To tell one's name – the livelong June –
To an admiring Bog!

Monday, April 09, 2007




Ouvir

Em entrevista a uma rádio espanhola, o escritor Jordi Nadal declarou que ouvir o outro é uma forma de valentia. Concordo plenamente. Pessoal e profissionalmente, sempre procurei levar a cabo esse objectivo virtuoso, embora, como quase toda a gente, nem sempre o consiga. Umas vezes por falta de paciência, outras por puro egoísmo, embora, no geral, seja uma menina tímida, louca por ouvir uma boa história.
Esta característica, ao contrário do que possam pensar os adeptos de tons mais agressivos, nunca me criou problemas no jornalismo. Há pessoas que não suportam jornalistas inquisidores e há até aquelas que se sentem intimidadas por gravadores e/ou máquinas fotográficas. As melhores e mais empolgantes entrevistas da minha vida nasceram dessa disponibilidade para (tentar) encontrar a essência do outro no que diz sobre o seu trabalho. Recordo, entre tantas outras, as conversas, tidas neste espírito com pessoas tão diversas como Ana Benavente, Álvaro Cunhal, Matilde Rosa Araújo, Lídia Jorge, Agustina Bessa-Luís, Al Berto, António Alçada Baptista, João Bénard da Costa, Rogério Samora, Júlio Machado Vaz, São José Lapa, o escritor chileno Francisco Coloane,D.Francisco de Borja, Enfim, pedaços de vida que nunca esquecerei.

Friday, March 30, 2007

E esta é para o Thiago com todo o carinho do mundo

http://www.youtube.com/watch?v=jZSCIDAEFyU

Monday, March 26, 2007

To Septimus, como sempre, este pedaço de um Portugal que amamos, mesmo quando nos desilude
http://www.youtube.com/watch?v=NY6M9nWRVHQ
Desgosto

O que fazer com uma nação que elege Salazar o seu melhor? Talvez deixá-la à sua sorte ou lembrar Manuel Alegre nos tempos em que, por causa de Salazar, Portugal tinha presos políticos, homens e mulheres exilados porque pensavam de maneira diferente da do governo, jovens a morrer em África por causa de um império de papelão, censura intelectual e informativa e milhares de analfabetos só porque o ditador entendia que quem muito lê, treslê.


Trova do vento que passa

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.

Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de sevidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

Manuel Alegre
http://www.youtube.com/watch?v=rBuTPweCvQ4

Cranberries, Just my Imagination

Passei o fim-de-semana assim. Nas núvens.

Wednesday, March 21, 2007









Dia Mundial da Poesia



Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.

Pablo Neruda

Monday, March 19, 2007

Café Império

Há muitos anos que não ia ao Café Império. Não havia porquê. No sábado, passei, entrei e rejubilei. Um espaço que tinha sofrido a triste sorte da Avenida Almirante Reis foi modernizado de forma a honrar a memória dos seus tempos áureos e também do Cinema do mesmo nome, que foi uma das grandes salas de Lisboa. A cereja em cima do bolo é a pequena loja que vende DVD's e souvenirs do café.

Monday, March 12, 2007



To Septimus porque este excerto faz-me pensar em nós

A THING of beauty is a joy for ever: /
Its loveliness increases; it will never/
Pass into nothingness; but still will keep/
A bower quiet for us, and a sleep/
Full of sweet dreams, and health, and quiet breathing.

John Keats

Wednesday, March 07, 2007

Com Bruce Springsteen abro-vos um pouco do meu Secret Garden

http://www.youtube.com/watch?v=LaE_-yLLWDo

Monday, March 05, 2007

Sting forever

Um pouco melancólica, trago-vos uma das canções de Sting de que mais gosto: Moon over Bourboun Street.


Friday, March 02, 2007

In memoriam
Manuel Galrinho Bento (1948-2007)
Na minha adolescência, a relação com o tempo e com o espaço era substancialmente diferente. O mundo não estava à distância de um click e os dias, que se escoavam lentamente, passavam-se com livros da Enid Blyton, pop em vinil e muito futebol. Na minha adolescência, os rapazes iam à baliza só para imitar os voos loucos do homem que ontem partiu cedo demais.

Monday, February 26, 2007

O ano de Scorsese

Dizem as más-línguas que, na Academia de Hollywood, a justiça pode ser servida à temperatura da vingança. Na madrugada de segunda-feira, na última cerimónia de atribuição dos Óscares, Martin Scorsese experimentou esse sabor agridoce já conhecido por muitos outros grandes nomes antes dele: The Departed – Entre Inimigos (distinguido nas categorias de realizador, filme, argumento adaptado e montagem) decerto não será o seu melhor filme, mas valeu-lhe a consagração académica que lhe fora negada com Taxi Driver; Touro Enraivecido, A Cor do Dinheiro ou Tudo Bons Rapazes.
O mais notável, porém, é que, mesmo partindo deste pressuposto, valeu a pena esperar pelas 5 da manhã portuguesas para ver Francis Ford Coppolla, Steven Spielberg e George Lucas chamar ao palco o seu amigo Marty e entregar o que há muito era devido. Há mais de 30 anos a «velha guarda» dos estúdios olhava desconfiava para estes mesmos homens e chamava-lhes os «quatro jovens barbudos de Hollywood». Hoje representam o melhor de uma geração que, apesar de naturais oscilações, nunca abdicou da qualidade.
Mas se o triunfo de Scorsese foi a nota mais assinalável da 79ª. edição dos Óscares, há que referir ainda as boas «colheitas» de Labirinto de Pan (Fotografia, Caracterização e Direcção Artística), o filme mexicano sobre a Espanha do pós-Guerra Civil que estreia amanhã, 1, em Portugal; Little Miss Sunshine (Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos) nas disciplinas de Actor Secundário e Argumento Original e, sobretudo, de Al Gore. O antigo vice-presidente dos Estados Unidos não só viu o documentário que «protagoniza» - Uma Verdade Inconveniente – ser distinguido com os prémios de Documentário e Canção, como foi um dos «reis» da festa, em inesperada interacção com Leonardo DiCaprio, George Clooney e Ellen Degeneres, a actriz que se estreou notavelmente como «mestre de cerimónias». O derrotado da noite, se assim se pode dizer, foi Clint Eastwood, cujo monumental díptico As Bandeiras dos Nossos Pais/Cartas de Iwo Jima apenas obteve o Óscar de som.
Nas categorias de representação os prémios distribuíram-se sem surpresas: Forest Whitaker (por O Último Rei da Escócia); Helen Mirren (por A Rainha); Jennifer Hudson (actriz secundária em Dreamgirls) e Alan Arkin (actor secundário em Little Miss Sunshine). No ar ficou a desilusão de Peter O’Toole, nomeado (por Vénus) sem ganhar pela oitava vez, mas já distinguido com o Óscar Honorário. O mesmo que, desta feita, distinguiu o compositor italiano Ennio Morricone, autor de mais de 500 bandas sonoras, de que a mais conhecida será a que compôs para O Bom, o Mau e o Vilão, de Sergio Leone. O espectáculo continuará no próximo ano, quando a «noite de todas as estrelas» celebrar a sua 80ª. edição.


At last !!!!!!!!

Wednesday, February 21, 2007



Madonna: l'art c'est elle

Confesso: sou fã desta senhora desde os tempos em que, menina dum liceu lisboeta, comprei o single (em vinil, ai de mim!) de Like a Virgin. Esmoreci entre o final dos anos 80 e o princípio dos 90, que me parecem menos interessantes na carreira de Madonna, mas rendi-me completamente nos últimos tempos. Em primeiro lugar pelo que esta mulher seguríssima, ambiciosa, mas não ríspida, criativa, libertada, significa para a minha geração «encavilatada» entre hippies e betinhos. Em segundo, porque, em termos artísticos, Madonna está cada vez mais interessante. Prova-o, quanto a mim, o maravilhoso DVD do espectáculo Confessions on a dance floor (já à venda em Portugal), em que Madonna (e os que a acompanham) vai mais longe do que nós possamos imaginar no domínio da perfomance, transformando o seu concerto numa autêntica ópera pop. Como ela própria admite num dos extras do DVD: «L'art c'est elle».

Thursday, February 15, 2007

Cartier na Gulbenkian
A partir de hoje há pura beleza à solta na sede da Gulbenkian, em Lisboa. Até dia 29 de Abril, é possível ver Cartier 1899-1949 - O Percurso de um Estilo. Entre muitos e muitos tesouros, é possível ver peças marcadas pela História como a tiara de diamantes usada pela Rainha Isabel da Bélgica, o alfinete de pantera encomendado em 1949 por Wallis Simpson ou as pulseiras de que Gloria Swanson nunca se separava. Para ver e sonhar.

Monday, February 12, 2007



Madame Bovary sommes nous

Sou peremptória: Pecados Íntimos entra no meu grupo dos cinco melhores filmes de 2006. O realizador já dera boa conta de si em In the Bedroom, estreado em 2001. Agora apresenta um filme notável sobre as vidas de todas nós, sobre o modo como os sonhos desfeitos alimentam um longo lastro de amargura. E, antes de mais, sobre o modo como cada um lida com tal peso. Uns, os mais acomodados, transformam-se em seres irremediavelmente frustrados; outros, os mais rebeldes (como Sarah brilhantemente interpretada por Kate Winslet) deixam-se guiar pela fantasia e transformam-se em pequenas Bovarys. Com todos os riscos que tal escolha implica. As personagens são densas, o desenvolvimento da narrativa é irrepreensível, a obra permite um sem número de leituras. Fascinante!

Tuesday, February 06, 2007

Hoje acordei assim

http://www.youtube.com/watch?v=ltNkfRFpeHc
Este concerto para clarinete de Mozart transmite-me sempre alegria e serenidade. Espero que gostem tanto como eu.

Monday, February 05, 2007

Ainda outro poema de W.H.Auden
(que faria 100 anos no próximo dia 21)

Lullaby

Lay your sleeping head, my love, /
Human on my faithless arm;/
Time and fevers burn away/
Individual beauty from/
Thoughtful children, and the grave/
Proves the child ephemeral:/
But in my arms till break of day/
Let the living creature lie, /
Mortal, guility, but to me/
The entirely beautiful.

Soul and body have no bounds:/
To lovers as they lie upon/
Her tolerant enchanted slope/
In their ordinary swoon,/
Grave the vision Venus sends/
Of supernatural sympathy,/
Universal love and hope;/
While abstract insight wakes/
Among the glaciers and the rocks/
The hermit's sensual ecstasy/

Certainty, fidelity/
On the stroke of midnight pass/
Like vibrations of a bell,/
And fashionable madmen raise/
Their pedantic boring cry:/
Every farthing of the cost,/
All the dreaded cards foretell,/
Shall be paid, but from this night/
Not a whisper, not a thought,/
Not a kiss nor look be lost./

Beauty, midnight, vision dies:/
Let the winds of dawn that blow/
Softly round your dreaming head/
Such a day of sweetness show/
Eye and knocking heart may bless,/
Find your mortal world enough;/
Noons of dryness see you fed/
By the involuntary powers,/
Nights of insult let you pass/
Watched by every human love.

Friday, February 02, 2007

Funeral Blues

Stop all the clocks, cut off the telephone,/
Prevent the dog from barking with a juicy bone,/
Silence the pianos and with muffled drum/
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead/
Scribbling on the sky the message He Is Dead,/
Put crêpe bows round the white necks of the public doves,/
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,/
My working week and my Sunday rest,/
My noon, my midnight, my talk, my song;/
I thought that love would last for ever: I was wrong.

The stars are not wanted now: put out every one;/
Pack up the moon and dismantle the sun;/
Pour away the ocean and sweep up the wood./
For nothing now can ever come to any good.

W.H. Auden

Monday, January 29, 2007





É oficial: acaba de nascer o meu novo projecto. É um blog, uma espécie de revista online, sobre actualidade literária europeia. Gostava que o visitassem, comentassem, criticassem, acrescentassem. Tenho muitos sonhos para ele. Responde pelo nome de http://europadoslivros.blogspot.com
Dias da rádio

Hoje o Radioclube Português enterrou definitivamente a herança da Rádio Nostalgia. E ainda bem. A excelente emissão informativa da manhã, coordenada por João Adelino Faria, parece demonstrar que o canal dirigido por Luís Osório decidiu fazer juz à tradição que o seu nome encerra.

Thursday, January 25, 2007

Para um novo leitor deste blog. Espero que volte muitas vezes. Xutos forever!

http://www.youtube.com/watch?v=XGYm4Ixo6V4

Tuesday, January 23, 2007

A comédia segundo Martin Amis
«La comédie est tellement menacée aujourd'hui par le politiquement correct. Une blague c'est toujours l'affirmation d'une supériorité. En général, quelqu'un est humilié. Nous faisons tous de plus en plus souvent l'expérience de visages qui se crispent soudainement, et sur lesquels toute trace d'humour a disparu lorsque tombe le hugement politique. C'est beaucoup plus fréquent qu'il y a trente ou quarante ans.»
Martin Amis em entrevista à revista Les Inrockuptibles, edição de 16 de Janeiro

Thursday, January 18, 2007




Homenagem a Eli Wallach
Foi sem grandes expectativas que parti para o filme O Amor não Tira Férias, de Nancy Meyers. Queria passar um serão agradável como alternativa a uma daquelas reuniões de condomínio em que dois reformados se degladiam furiosamente por causa de uma lâmpada fundida. Mas eis que a comédia romântica made in Hollywood superou as expectativas. Não que alguma vez passasse do registo ligeirinho (embora nunca fosse estupidificante), não que o final seja surpreendente (como não era no divertido Alguém Tem que Ceder, o anterior filme da realizadora com Diane Keaton e Jack Nicholson), mas porque tem uma componente cinéfila que muito me agradou. E essa componente tem a ver com a homenagem feita ao actor Eli Wallach, na altura da rodagem com 90 anos. Meyers «transforma-o» num velho argumentista que, nos seus tempos áureos, escrevera algumas das grandes lines do cinema clássico e privara com algumas das suas maiores «estrelas». Mas o que, na verdade, ali se faz é a homenagem a um grande actor cujo currículum inclui filmes míticos como Os Inadaptados; O Bom, o Mau e o Vilão; Os Sete Magníficos ou O Padrinho.


Monday, January 15, 2007

Hoje acordei assim : )
>http://www.youtube.com/watch?v=g8Z1MpcyqQ""

Friday, January 12, 2007



Era duro mas romântico, viril mas sensível, misterioso, sensual, decente, justo, empenhado em todas as causas que considerou importantes, mas avesso a poses panfletárias. Humphrey Bogart morreu a 14 de Janeiro de 1957. Passaram-se 50 anos mas teremos sempre Casablanca.

Thursday, January 11, 2007

Boa notícia para os cinéfilos: A Livraria do Cinema King, em Lisboa, reabriu, com muitos artigos apetecíveis para os cinéfilos, desde posters a DVD's de importação.
O Vigilante, Sarah Walters

Editado pela Bizâncio, O Vigilante da britânica Sarah Walters é um longo e belo romance. Comecei por o comprar porque o ambiente me interessava (Londres durante o blitz, na IIª Guerra Mundial), mas acabei por me render à grande capacidade de escrita evidenciada pela autora. As cenas em que descreve um bombardeamento e o resgate das vítimas, a partir do ponto de vista das equipas de salvamento, não estão ao alcance de qualquer um. Recomendo.

Tuesday, January 09, 2007


The Man who Shot Liberty Valance, John Ford

«Nos filmes de Ford é sempre preciso voltar mais atrás. E é exactamente que volte atrás («come back, pilgrim, come back») o que Wayne pede a Stewart, quando lhe quer acabar com os remorsos. Há uma imensa cortina de fumo e depois, quando vemos segunda vez o duelo, a câmara já se subjectiva entre Strode e Wayne e só se objectiva na posição frontal (...). E, como mais tarde terá comentado Lee Marvin: «It was the only time John Wayne ever shot anybody in the back of the head». Essa figura única na obra de Ford (um flash-back dentro dum flash-back, uma mesma sequência na multiplicidade dos pontos de vista) é muito mais do que a chave do filme, ou a revelação de quem matou Liberty Valance. É o apelo, pela primeira vez tornando explícito, a que olhemos sempre pela segunda vez, já que há sempre um fundo sob um fundo e outro ainda sob esse. Se há cineasta em que o campo é mais profundo, esse se chamou John Ford.»

João Bénard da Costa

Thursday, January 04, 2007



There are no second acts in american lives.

Francis Scott Fitzgerald


Preparo-me para iniciar o segundo acto da minha vida. Quero que seja deslumbrante. Não farei fretes. Não viverei no passado. Não me adiarei para o futuro. Não aceitarei migalhas. Não darei migalhas. Não me iludirei. Serei mais exigente comigo e com os outros. Amarei melhor, amar-me-ei mais, dedicar-me-ei ao instante que passa, farei do aqui e agora um bom lugar, rumarei a novos destinos, lutarei pelo que me é caro, não terei medo. Porque já não terei tempo para me arrepender.

Tuesday, January 02, 2007

Artur e os minimeus

Éramos dois adultos, sem crianças, no cinema, mas nem por isso a sessão foi desprovida de encantamento. Embora não seja propriamente uma entusiasta da obra do francês Luc Besson na sua fase pós-O Quinto Elemento (1997), rendi-me à magia de Artur e os Minimeus, a sua primeira incursão no mundo da animação. Digo incursão e, imediatamente, sinto que a palavra carrega uma marca de dilentatismo que não faz justiça ao empenho e amor que o realizador, ao longo de mais de cinco anos, dedicou ao projecto.
Tudo começou quando Patrice Garcia, colaborador de Luc Besson, lhe mostrou o desenho de uma pequena personagem que deveria servir de suporte a uma série de televisão. O realizador contra-argumentou que este media não lhe interessava, mas não deixou cair o projecto de Garcia: à nova criatura chamou Artur e destinou-lhe uma vida, primeiro em livro (assina ele próprio o livro Artur e os Minimeus, editado em Portugal pela Asa), e, depois, no grande écran. Mas não bastou decidir: da ideia à sua concretização distou um percurso feito de dificuldades, como o próprio realizador admitiu durante a conferência de imprensa que fez em Lisboa, para apresentação do filme: «Começámos a trabalhar há cinco anos e, na altura, os distribuidores não estavam muito receptivos à animação digital. Agora, quase só se fazem filmes animados digitais. Por isso, estivemos três anos a filmar com dinheiro nosso e sem uma única imagem para apresentarmos aos financiados. Felizmente, os licenciadores das personagens para o merchandising acreditaram em nós e os acordos que fizemos com ele deram-nos mais espaço de manobra».
O resultado de tanto esforço (e dos 65 milhões de euros que custou) é um filme brilhante que colocamos sem hesitações na estante dos clássicos infanto-juvenis. Num mundo sobrecarregado de imagens, Besson consegue criar um universo próprio que se distingue com segurança de grandes referências do género como a Disney ou a Dreamworks (criadora de Shrek, por exemplo) e colocá-lo ao serviço da história de um rapazinho que se propõe resolver as dificuldades financeiras da família através de uma perigosa caça ao tesouro. Inicia-a no pequeno jardim da sua casa, onde, segundo os mapas deixados por um avô misteriosamente desaparecido, estaria enterrado um saco de rubis. Mas, antes que chegue ao providencial achado, Arthur ver-se-á confrontado com a fabulosa tribo dos minimeus. O que se segue tem o ritmo de uma aventura de Indiana Jones, em que as interpretações de Freddie Highmore (o pequeno actor revelado em Finding Neverland e Charlie e a Fábrica de Chocolate), Mia Farrow (a avó) e as vozes, na versão original, de Madonna, Robert De Niro, David Bowie e Snoop Dog são uma mais valia a considerar. Artur e os Minimeus é, pois, uma «iguaria» que, por várias razões, vale a pena saborear até ao último segundo do genérico final.