Thursday, December 27, 2007
Wednesday, December 26, 2007
Tuesday, December 11, 2007
Mae West, nossa querida mestra
- «A hard man is good to find. His mother should have thrown him away and kept the stork»
- "Why don't you come on up and see me sometime, when I got nothin' on but the radio?"
- "Good girls go to heaven, but bad girls get to go everywhere."
- "Sex is like bridge. If you don't have a good partner, you'd better have a good hand."
- "My left leg is Christmas and my right leg is New Year's. Why don't you visit me between the holidays?" [To the remark, "Goodness, what a beautiful diamond!":] "Goodness had nothin' to do with it, dearie."
- "It's not the men in your life that matters, it's the life in your men"
[To the question, "Are you trying to show contempt for this court?]: "I'm trying to hide it."
Thursday, November 15, 2007
Tuesday, November 13, 2007
Monday, November 05, 2007
Monday, October 15, 2007
Thursday, October 04, 2007
Tuesday, October 02, 2007
Friday, September 21, 2007
Thursday, September 13, 2007
Thursday, September 06, 2007
Monday, August 27, 2007
Tuesday, August 14, 2007
Thursday, August 09, 2007
Os 40 anos têm vantagens. Compreende-se que acabou o tempo para borboletas atraídas pela luz do poder, amigos ambíguos, princesas da ervilha, donos da verdade, manipuladores, fofoquices. Há que manter o foco no que realmente interessa: bom trabalho e amor verdadeiro. Aqui fica a bela história de Sofia, para ilustração e exemplo.
Thursday, July 19, 2007
«Ragionando con meco ed io con lui», Petrarca
«Ama-me que te amo» - dá-me tua vida;/
«Ama-me porque te amo» - em nossa glória/
Seremos iguais na terra florida/
Do amor que não conhece divisória
O amor é feito em pedra e não areia,/
O amor ri-se no meio da tempestade./
E quem apagou do amor a candeia?/
E quem tolheu do amor a liberdade?
Mau grado o diga meu coração parte;/
Pouco nos vemos, muito nos esquecemos:
Aí está um problema pr'à tua arte!
Contudo diz a Bíblia que nós lemos:/
Se o ciúme é morte e a morte é forte,/
O amor porém é forte como a morte.
Christina Rossetti (1830-1894)
Wednesday, June 20, 2007
Monday, June 18, 2007
Quando era criança, ambicionava ter mordomo. Ele entraria na drawing room, impecavelmente britânico, e servir-me-ia o Earl Grey, chamando-me «Milady». Como de costume, a vida encarregou-se de me render à evidência que o senhor não se adaptaria à geografia de um T3 em Benfica. Mas há quem mantenha, na vida adulta, a elevação dos sonhos de infância. É o caso de Beatriz Batarda. Como se sabe, os questionários de Proust e outros inquéritos jornalistícos são espaços onde os notáveis da nossa praça gostam de se mostrar com toda a sinceridade. Mas, no último JL, a actriz chega a ser comovedora. Interrogada sobre os seus lugares de eleição, as escolham recaem sobre: «um centro hípico». Porquê? Porque «quando era criança passava os fins-de-semana no Centro Hípico Quinta da Marinha». Em Lisboa, prefere a «esplanada do Hotel Ritz de Lisboa, da piscina do Hotel Tivoli de Lisboa, da vista do Hotel do Chiado». No entretanto, o Ambrósio toma a liberdade de pensar nos Ferrero Rocher.
Tuesday, June 12, 2007
Noite de Santo António, noite de Lisboa
É, entre todas as noites festivas, a que prefiro. Não que tenha qualquer paixão gastronómica por sardinhas, mas a cidadania de Lisboa está-me nos genes (pertenço a uma das poucas famílias que tem, pelo menos, quatro gerações consecutivas de nados na cidade) e, como tal, esta noite em que se troca uma proverbial melancolia por música e balões coloridos tem o dom de me comover.
Gosto da confusão de Alfama, das bancas que vendem arroz doce, dos toscos tronos a Santo António, dos mangericos viçosos que, chegados a casa, duram poucos dias, do deslumbramento dos turistas.
E gosto muito daquilo em que a lenda popular transformou um doutor da Igreja.
Monday, June 04, 2007
Ahora que empecé el día
volviendo a tu mirada,
y me encontraste bien
y te encontré más linda.
Ahora que por fin
está bastante claro
dónde estás y dónde estoy.
Sé por primera vez
que tendré fuerzas
para construir contigo
una amistad tan piola,
que del vecino
territorio del amor,
ese desesperado,
empezarán a mirarnos
con envidia,
y acabarán organizando
excursiones
para venir a preguntarnos
cómo hicimos.
Mario Benedetti
Friday, June 01, 2007
Thursday, May 31, 2007
Monday, May 28, 2007
A revista feminina mais transgressora da História acaba de completar 10 anos. A francesa jalouse continua a ser um farol para quem se interessa pelo que de mais vanguardista se faz em moda mas também para todos os que se ocupam das culturas urbanas. O número de aniversário revisita o que de melhor publicou durante a década e aponta pistas para o futuro. Aqui seguem os parabéns de uma leitora incondicional.
Thursday, May 24, 2007
Wednesday, May 23, 2007
O craque encaixilhado
Recordo-o envolto numa nuvem de fumo, as pontas dos dedos amareladas pelos cigarros «Porto» que fumava incessantemente. Era assim o meu avô materno, Fernando de seu nome, morto aos 62 anos, um mês depois do 25 de Abril, quando eu ainda não sabia que coisa estranha era essa de perder alguém que ainda ontem nos carregara às cavalitas. Homem alegre, mas marcado pelo duro quotidiano do Portugal salazarista, criara as três filhas à custa de muita acrobacia orçamental e de um silêncio ressentido sobre qualquer assunto que, mesmo de leve, «cheirasse» a Política.
Este meu avô tinha, quando cheguei à sua vida, duas paixões maiores: os dois netos e o Benfica. Contemporâneo dos grandes feitos do clube nos Campeões Europeus, passava os seus melhores domingos no então recém-construído Estádio da Luz. Em tarde de maior empolgamento, chegou a casa determinado a pregar a foto de José Águas na parede da sala, entre os retratos de família. Ao que minha avó se opôs, imagino pelo que dela lembro, com uma determinação tão serena quanto inabalável. O retrato encaixilhado do craque foi guardado numa gaveta, mas meu avô remoía ainda no modo de expressar condignamente a sua paixão pelo «Glorioso».
Numa outra tarde chegou a casa com novidade mais consensual. Um cachorro de pata curta, a indicar que não tomaria maiores dimensões. Já trazia nome, informou. Que era – surpresa das surpresas – Benfica. O animal tão amorosamente designado cresceu em rafeirice e escassa simpatia. Sem que ninguém o instruísse para tal, atacava voluntariamente visitas e cobradores. Tinha, no entanto, um ódio de estimação, a cujos passos, no patamar, reagia, mês após mês. A fúria do animal atingia o auge quando, a medo, com as quotas por cobrar, o homem anunciava de onde vinha: «Benfica!» Sentindo-se provocado ao julgar ouvir o seu nome na boca de um desconhecido, o modesto canídeo adquiria então a raiva de um pittbull. A cena entrou rapidamente no anedotário dos sportinguistas locais, mas jamais beliscou a dedicação clubística da família. Só a minha avó, envergonhada pelo falatório da vizinhança, pensava que, mal por mal, mais valia ter ficado com o retrato de José Águas.
Friday, May 18, 2007
Thursday, May 17, 2007
Mi manera de amarte es sencilla:
te aprieto a mí
como si hubiera un poco de justicia en mi corazón
y yo te la pudiese dar con el cuerpo.
Cuando revuelvo tus cabellos
algo hermoso se forma entre mis manos.
Y casi no sé más. Yo sólo aspiro
a estar contigo en paz y a estar en paz
con un deber desconocido
que a veces pesa también en mi corazón
Antonio Gamoneda
«Decidiu recordar o que amara na vida. As músicas preferidas, o perfume delicado dos cravos, o sabor da pimenta-preta, o champanhe, o pão fresco, os bons momentos na companhia dos entes queridos, o ar depois da chuva, o vestido azul, os melhores livros. Fora bom, mas não lhe bastara
(...)
Também se lembrou de que gostara muito das manhãs.
(...) o que se passava durante as noites, para que o ar se mostrasse sempre renovado de manhã? Que redenção perpétua era aquela?E porque não se salvavam todos aqueles que o respiravam?
Traidora era aquela luz inefável, promessa de um dia perfeito, genérico muito superior ao filme que se seguiria. Todo o prazer dos dias está na manhã com que começam, dizia alguém».
Amélie Nothomb, Ácido Sulfúrico, Edições Asa
Tuesday, May 15, 2007
Friday, May 04, 2007
Thursday, May 03, 2007
(Violeta Parra)
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me dio dos luceros que, cuando los abro,
perfecto distingo lo negro del blanco,
y en el alto cielo su fondo estrellado
y en las multitudes el hombre que yo amo.
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado el oído que, en todo su ancho,
graba noche y día grillos y canarios;
martillos, turbinas, ladridos, chubascos,
y la voz tan tierna de mi bien amado.
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado el sonido y el abecedario,
con él las palabras que pienso y declaro:
madre, amigo, hermano, y luz alumbrando
la ruta del alma del que estoy amando.
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado la marcha de mis pies cansados;
con ellos anduve ciudades y charcos,
playas y desiertos, montañas y llanos,
y la casa tuya, tu calle y tu patio.
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me dio el corazón que agita su marco
cuando miro el fruto del cerebro humano;
cuando miro el bueno tan lejos del malo,
cuando miro el fondo de tus ojos claros.
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto.
Así yo distingo dicha de quebranto,
los dos materiales que forman mi canto,
y el canto de ustedes que es el mismo canto
y el canto de todos, que es mi propio canto.
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Tuesday, April 24, 2007
Tuesday, April 17, 2007
Ontem fui ao futebol, ver o meu Benfica empatar com o Braga. Na mala levava Ma Vie de Carl Jung. Sou assim, paradoxal, com um gosto muito particular por estilhaçar figurinos. Não aguento passar o dia em pose de intelectual, como não aguento o cheiro a roulotte de fritos mais do que uma vez por época. Tenho horror a rótulos e recuso-me a viver como me mandam. Não sou beta, não sou proletária, não sou intelectual de esquerda e muito menos neo-liberal de fachada democrática. Sou o desespero da minha repartição e ADOOOOOOOOOOOOOOOOOOORO!!!!!!!
Monday, April 16, 2007
Wednesday, April 11, 2007
Monday, April 09, 2007
Ouvir
Em entrevista a uma rádio espanhola, o escritor Jordi Nadal declarou que ouvir o outro é uma forma de valentia. Concordo plenamente. Pessoal e profissionalmente, sempre procurei levar a cabo esse objectivo virtuoso, embora, como quase toda a gente, nem sempre o consiga. Umas vezes por falta de paciência, outras por puro egoísmo, embora, no geral, seja uma menina tímida, louca por ouvir uma boa história.
Esta característica, ao contrário do que possam pensar os adeptos de tons mais agressivos, nunca me criou problemas no jornalismo. Há pessoas que não suportam jornalistas inquisidores e há até aquelas que se sentem intimidadas por gravadores e/ou máquinas fotográficas. As melhores e mais empolgantes entrevistas da minha vida nasceram dessa disponibilidade para (tentar) encontrar a essência do outro no que diz sobre o seu trabalho. Recordo, entre tantas outras, as conversas, tidas neste espírito com pessoas tão diversas como Ana Benavente, Álvaro Cunhal, Matilde Rosa Araújo, Lídia Jorge, Agustina Bessa-Luís, Al Berto, António Alçada Baptista, João Bénard da Costa, Rogério Samora, Júlio Machado Vaz, São José Lapa, o escritor chileno Francisco Coloane,D.Francisco de Borja, Enfim, pedaços de vida que nunca esquecerei.
Friday, March 30, 2007
Monday, March 26, 2007
O que fazer com uma nação que elege Salazar o seu melhor? Talvez deixá-la à sua sorte ou lembrar Manuel Alegre nos tempos em que, por causa de Salazar, Portugal tinha presos políticos, homens e mulheres exilados porque pensavam de maneira diferente da do governo, jovens a morrer em África por causa de um império de papelão, censura intelectual e informativa e milhares de analfabetos só porque o ditador entendia que quem muito lê, treslê.
Trova do vento que passa
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de sevidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Manuel Alegre
Wednesday, March 21, 2007
Monday, March 19, 2007
Há muitos anos que não ia ao Café Império. Não havia porquê. No sábado, passei, entrei e rejubilei. Um espaço que tinha sofrido a triste sorte da Avenida Almirante Reis foi modernizado de forma a honrar a memória dos seus tempos áureos e também do Cinema do mesmo nome, que foi uma das grandes salas de Lisboa. A cereja em cima do bolo é a pequena loja que vende DVD's e souvenirs do café.
Monday, March 12, 2007
Wednesday, March 07, 2007
Monday, March 05, 2007
Friday, March 02, 2007
Monday, February 26, 2007
Dizem as más-línguas que, na Academia de Hollywood, a justiça pode ser servida à temperatura da vingança. Na madrugada de segunda-feira, na última cerimónia de atribuição dos Óscares, Martin Scorsese experimentou esse sabor agridoce já conhecido por muitos outros grandes nomes antes dele: The Departed – Entre Inimigos (distinguido nas categorias de realizador, filme, argumento adaptado e montagem) decerto não será o seu melhor filme, mas valeu-lhe a consagração académica que lhe fora negada com Taxi Driver; Touro Enraivecido, A Cor do Dinheiro ou Tudo Bons Rapazes.
Mas se o triunfo de Scorsese foi a nota mais assinalável da 79ª. edição dos Óscares, há que referir ainda as boas «colheitas» de Labirinto de Pan (Fotografia, Caracterização e Direcção Artística), o filme mexicano sobre a Espanha do pós-Guerra Civil que estreia amanhã, 1, em Portugal; Little Miss Sunshine (Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos) nas disciplinas de Actor Secundário e Argumento Original e, sobretudo, de Al Gore. O antigo vice-presidente dos Estados Unidos não só viu o documentário que «protagoniza» - Uma Verdade Inconveniente – ser distinguido com os prémios de Documentário e Canção, como foi um dos «reis» da festa, em inesperada interacção com Leonardo DiCaprio, George Clooney e Ellen Degeneres, a actriz que se estreou notavelmente como «mestre de cerimónias». O derrotado da noite, se assim se pode dizer, foi Clint Eastwood, cujo monumental díptico As Bandeiras dos Nossos Pais/Cartas de Iwo Jima apenas obteve o Óscar de som.
Nas categorias de representação os prémios distribuíram-se sem surpresas: Forest Whitaker (por O Último Rei da Escócia); Helen Mirren (por A Rainha); Jennifer Hudson (actriz secundária em Dreamgirls) e Alan Arkin (actor secundário em Little Miss Sunshine). No ar ficou a desilusão de Peter O’Toole, nomeado (por Vénus) sem ganhar pela oitava vez, mas já distinguido com o Óscar Honorário. O mesmo que, desta feita, distinguiu o compositor italiano Ennio Morricone, autor de mais de 500 bandas sonoras, de que a mais conhecida será a que compôs para O Bom, o Mau e o Vilão, de Sergio Leone. O espectáculo continuará no próximo ano, quando a «noite de todas as estrelas» celebrar a sua 80ª. edição.
Wednesday, February 21, 2007
Madonna: l'art c'est elle
Confesso: sou fã desta senhora desde os tempos em que, menina dum liceu lisboeta, comprei o single (em vinil, ai de mim!) de Like a Virgin. Esmoreci entre o final dos anos 80 e o princípio dos 90, que me parecem menos interessantes na carreira de Madonna, mas rendi-me completamente nos últimos tempos. Em primeiro lugar pelo que esta mulher seguríssima, ambiciosa, mas não ríspida, criativa, libertada, significa para a minha geração «encavilatada» entre hippies e betinhos. Em segundo, porque, em termos artísticos, Madonna está cada vez mais interessante. Prova-o, quanto a mim, o maravilhoso DVD do espectáculo Confessions on a dance floor (já à venda em Portugal), em que Madonna (e os que a acompanham) vai mais longe do que nós possamos imaginar no domínio da perfomance, transformando o seu concerto numa autêntica ópera pop. Como ela própria admite num dos extras do DVD: «L'art c'est elle».
Thursday, February 15, 2007
Monday, February 12, 2007
Madame Bovary sommes nous
Sou peremptória: Pecados Íntimos entra no meu grupo dos cinco melhores filmes de 2006. O realizador já dera boa conta de si em In the Bedroom, estreado em 2001. Agora apresenta um filme notável sobre as vidas de todas nós, sobre o modo como os sonhos desfeitos alimentam um longo lastro de amargura. E, antes de mais, sobre o modo como cada um lida com tal peso. Uns, os mais acomodados, transformam-se em seres irremediavelmente frustrados; outros, os mais rebeldes (como Sarah brilhantemente interpretada por Kate Winslet) deixam-se guiar pela fantasia e transformam-se em pequenas Bovarys. Com todos os riscos que tal escolha implica. As personagens são densas, o desenvolvimento da narrativa é irrepreensível, a obra permite um sem número de leituras. Fascinante!
Tuesday, February 06, 2007
http://www.youtube.com/watch?v=ltNkfRFpeHc
Este concerto para clarinete de Mozart transmite-me sempre alegria e serenidade. Espero que gostem tanto como eu.
Monday, February 05, 2007
Lullaby
Lay your sleeping head, my love, /
Human on my faithless arm;/
Time and fevers burn away/
Individual beauty from/
Thoughtful children, and the grave/
Proves the child ephemeral:/
But in my arms till break of day/
Let the living creature lie, /
Mortal, guility, but to me/
The entirely beautiful.
Soul and body have no bounds:/
To lovers as they lie upon/
Her tolerant enchanted slope/
In their ordinary swoon,/
Grave the vision Venus sends/
Of supernatural sympathy,/
Universal love and hope;/
While abstract insight wakes/
Among the glaciers and the rocks/
The hermit's sensual ecstasy/
Certainty, fidelity/
On the stroke of midnight pass/
Like vibrations of a bell,/
And fashionable madmen raise/
Their pedantic boring cry:/
Every farthing of the cost,/
All the dreaded cards foretell,/
Shall be paid, but from this night/
Not a whisper, not a thought,/
Not a kiss nor look be lost./
Beauty, midnight, vision dies:/
Let the winds of dawn that blow/
Softly round your dreaming head/
Such a day of sweetness show/
Eye and knocking heart may bless,/
Find your mortal world enough;/
Noons of dryness see you fed/
By the involuntary powers,/
Nights of insult let you pass/
Watched by every human love.
Friday, February 02, 2007
Stop all the clocks, cut off the telephone,/
Prevent the dog from barking with a juicy bone,/
Silence the pianos and with muffled drum/
Bring out the coffin, let the mourners come.
Let aeroplanes circle moaning overhead/
Scribbling on the sky the message He Is Dead,/
Put crêpe bows round the white necks of the public doves,/
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.
He was my North, my South, my East and West,/
My working week and my Sunday rest,/
My noon, my midnight, my talk, my song;/
I thought that love would last for ever: I was wrong.
The stars are not wanted now: put out every one;/
Pack up the moon and dismantle the sun;/
Pour away the ocean and sweep up the wood./
For nothing now can ever come to any good.
W.H. Auden
Monday, January 29, 2007
Thursday, January 25, 2007
http://www.youtube.com/watch?v=XGYm4Ixo6V4
Tuesday, January 23, 2007
Thursday, January 18, 2007
Friday, January 12, 2007
Thursday, January 11, 2007
Editado pela Bizâncio, O Vigilante da britânica Sarah Walters é um longo e belo romance. Comecei por o comprar porque o ambiente me interessava (Londres durante o blitz, na IIª Guerra Mundial), mas acabei por me render à grande capacidade de escrita evidenciada pela autora. As cenas em que descreve um bombardeamento e o resgate das vítimas, a partir do ponto de vista das equipas de salvamento, não estão ao alcance de qualquer um. Recomendo.
Tuesday, January 09, 2007
The Man who Shot Liberty Valance, John Ford
«Nos filmes de Ford é sempre preciso voltar mais atrás. E é exactamente que volte atrás («come back, pilgrim, come back») o que Wayne pede a Stewart, quando lhe quer acabar com os remorsos. Há uma imensa cortina de fumo e depois, quando vemos segunda vez o duelo, a câmara já se subjectiva entre Strode e Wayne e só se objectiva na posição frontal (...). E, como mais tarde terá comentado Lee Marvin: «It was the only time John Wayne ever shot anybody in the back of the head». Essa figura única na obra de Ford (um flash-back dentro dum flash-back, uma mesma sequência na multiplicidade dos pontos de vista) é muito mais do que a chave do filme, ou a revelação de quem matou Liberty Valance. É o apelo, pela primeira vez tornando explícito, a que olhemos sempre pela segunda vez, já que há sempre um fundo sob um fundo e outro ainda sob esse. Se há cineasta em que o campo é mais profundo, esse se chamou John Ford.»
João Bénard da Costa
Monday, January 08, 2007
Thursday, January 04, 2007
Tuesday, January 02, 2007
Éramos dois adultos, sem crianças, no cinema, mas nem por isso a sessão foi desprovida de encantamento. Embora não seja propriamente uma entusiasta da obra do francês Luc Besson na sua fase pós-O Quinto Elemento (1997), rendi-me à magia de Artur e os Minimeus, a sua primeira incursão no mundo da animação. Digo incursão e, imediatamente, sinto que a palavra carrega uma marca de dilentatismo que não faz justiça ao empenho e amor que o realizador, ao longo de mais de cinco anos, dedicou ao projecto.
Tudo começou quando Patrice Garcia, colaborador de Luc Besson, lhe mostrou o desenho de uma pequena personagem que deveria servir de suporte a uma série de televisão. O realizador contra-argumentou que este media não lhe interessava, mas não deixou cair o projecto de Garcia: à nova criatura chamou Artur e destinou-lhe uma vida, primeiro em livro (assina ele próprio o livro Artur e os Minimeus, editado em Portugal pela Asa), e, depois, no grande écran. Mas não bastou decidir: da ideia à sua concretização distou um percurso feito de dificuldades, como o próprio realizador admitiu durante a conferência de imprensa que fez em Lisboa, para apresentação do filme: «Começámos a trabalhar há cinco anos e, na altura, os distribuidores não estavam muito receptivos à animação digital. Agora, quase só se fazem filmes animados digitais. Por isso, estivemos três anos a filmar com dinheiro nosso e sem uma única imagem para apresentarmos aos financiados. Felizmente, os licenciadores das personagens para o merchandising acreditaram em nós e os acordos que fizemos com ele deram-nos mais espaço de manobra».
O resultado de tanto esforço (e dos 65 milhões de euros que custou) é um filme brilhante que colocamos sem hesitações na estante dos clássicos infanto-juvenis. Num mundo sobrecarregado de imagens, Besson consegue criar um universo próprio que se distingue com segurança de grandes referências do género como a Disney ou a Dreamworks (criadora de Shrek, por exemplo) e colocá-lo ao serviço da história de um rapazinho que se propõe resolver as dificuldades financeiras da família através de uma perigosa caça ao tesouro. Inicia-a no pequeno jardim da sua casa, onde, segundo os mapas deixados por um avô misteriosamente desaparecido, estaria enterrado um saco de rubis. Mas, antes que chegue ao providencial achado, Arthur ver-se-á confrontado com a fabulosa tribo dos minimeus. O que se segue tem o ritmo de uma aventura de Indiana Jones, em que as interpretações de Freddie Highmore (o pequeno actor revelado em Finding Neverland e Charlie e a Fábrica de Chocolate), Mia Farrow (a avó) e as vozes, na versão original, de Madonna, Robert De Niro, David Bowie e Snoop Dog são uma mais valia a considerar. Artur e os Minimeus é, pois, uma «iguaria» que, por várias razões, vale a pena saborear até ao último segundo do genérico final.