Artur e os minimeus
Éramos dois adultos, sem crianças, no cinema, mas nem por isso a sessão foi desprovida de encantamento. Embora não seja propriamente uma entusiasta da obra do francês Luc Besson na sua fase pós-O Quinto Elemento (1997), rendi-me à magia de Artur e os Minimeus, a sua primeira incursão no mundo da animação. Digo incursão e, imediatamente, sinto que a palavra carrega uma marca de dilentatismo que não faz justiça ao empenho e amor que o realizador, ao longo de mais de cinco anos, dedicou ao projecto.
Tudo começou quando Patrice Garcia, colaborador de Luc Besson, lhe mostrou o desenho de uma pequena personagem que deveria servir de suporte a uma série de televisão. O realizador contra-argumentou que este media não lhe interessava, mas não deixou cair o projecto de Garcia: à nova criatura chamou Artur e destinou-lhe uma vida, primeiro em livro (assina ele próprio o livro Artur e os Minimeus, editado em Portugal pela Asa), e, depois, no grande écran. Mas não bastou decidir: da ideia à sua concretização distou um percurso feito de dificuldades, como o próprio realizador admitiu durante a conferência de imprensa que fez em Lisboa, para apresentação do filme: «Começámos a trabalhar há cinco anos e, na altura, os distribuidores não estavam muito receptivos à animação digital. Agora, quase só se fazem filmes animados digitais. Por isso, estivemos três anos a filmar com dinheiro nosso e sem uma única imagem para apresentarmos aos financiados. Felizmente, os licenciadores das personagens para o merchandising acreditaram em nós e os acordos que fizemos com ele deram-nos mais espaço de manobra».
O resultado de tanto esforço (e dos 65 milhões de euros que custou) é um filme brilhante que colocamos sem hesitações na estante dos clássicos infanto-juvenis. Num mundo sobrecarregado de imagens, Besson consegue criar um universo próprio que se distingue com segurança de grandes referências do género como a Disney ou a Dreamworks (criadora de Shrek, por exemplo) e colocá-lo ao serviço da história de um rapazinho que se propõe resolver as dificuldades financeiras da família através de uma perigosa caça ao tesouro. Inicia-a no pequeno jardim da sua casa, onde, segundo os mapas deixados por um avô misteriosamente desaparecido, estaria enterrado um saco de rubis. Mas, antes que chegue ao providencial achado, Arthur ver-se-á confrontado com a fabulosa tribo dos minimeus. O que se segue tem o ritmo de uma aventura de Indiana Jones, em que as interpretações de Freddie Highmore (o pequeno actor revelado em Finding Neverland e Charlie e a Fábrica de Chocolate), Mia Farrow (a avó) e as vozes, na versão original, de Madonna, Robert De Niro, David Bowie e Snoop Dog são uma mais valia a considerar. Artur e os Minimeus é, pois, uma «iguaria» que, por várias razões, vale a pena saborear até ao último segundo do genérico final.
Tuesday, January 02, 2007
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3 comments:
Foi na realidade uma doçura de filme, valeu toda a luta para o fazer. Magia pura, que me faz (já o fazia antes,lol) imaginar quem estará dentro de uma flor ,quem estará naqueles lugares minusculos para nós...
TU também foste uma das coisas maravilhosas que me aconteceu neste 2006, espero que continuemos sempre lado a lado. Jinhos gdes.
Postas as coisas dessa maneira, até fico com vontade de ir ver. É que para mim, o Besson também é só até o quinto elemento!
Para mim Luc Besson, é e será sempre Luc Besson...e esta película veio apenas provar o seu talento, versatilidade e mestria cinematográfica. Muitos beijos
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