Primeiramente
«Acordo sem o contorno do teu rosto na minha almofada, sem o teu peito liso e claro como um dia de vento, e começo a erguer a madrugada apenas com as duas mãos que me deixaste, hesitante nos gestos, porque os meus olhos partiram nos teus. E é assim que a noite chega, e dentro dela te procuro, encostado ao teu nome, pelas ruas álgidas onde tu não passas, a solidão aberta nos dedos como um cravo. Meu amor, amor de uma breve madrugada de bandeiras, arranco a tua boca da minha e desfolho-a lentamente, até que outra boca – e sempre a tua boca – comece de novo a nascer na minha boca.Que posso eu fazer senão escutar o coração inseguro dos pássaros, encostar a face ao rosto lunar dos bêbados e perguntar o que aconteceu.»
Eugénio de Andrade
Wednesday, April 05, 2006
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5 comments:
Eugénio é sempre Eugénio! excelente escolha :-)
porque os meus olhos partiram nos teus. que frase! que frase! Xicoração.
Obrigada por esta descoberta de Eugénio por tua mão.
são estas palavras as que saem, pois destes simples e mero conhecedor, digo que o que toca sao os labios e apenas só os teus, adorei este promenor, e como a descrição sobre um sentimento tao profundo, nas palavras de eugénio quase que têm aroma, é esta a magia de quem escreve como respira,e pensa como sonha.gostei muito do teu blog :)
Olá Pedro,
E eu gostei da tua visita e das tuas palavras. Um beijinho.
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