Há entre o cinema norte-americano e o jornalismo uma velha cumplicidade. Good-Night e Good Luck é um bom exemplo dessa tradição algo romântica em que o jornalista é apresentado como um herói que defende a democracia contra interesses obscuros, pondo muitas vezes em risco a sua própria segurança. A Cinemateca Portuguesa já dedicou um ciclo (e um belo catálogo) ao tema, mas eu gostaria de destacar três filmes muito diferentes que fazem parte do meu imaginário. O primeiro, cujo fotografia acima reproduzo, é Os Homens do Presidente. Realizado em 1976 por Alan J. Pakula, reconstitui a empolgante investigação que deslindou o caso Watergate e levou, por obra de dois jornalistas do Washington Post, à demissão do Presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon.
Os outros dois são interpretados por esse autêntico símbolo da integridade a toda a prova que foi Humphrey Bogart: Deadline USA (Richard Brooks, 1952) e The Harder They Fall (Mark Robson, 1956). Este último - derradeiro papel do actor antes da sua morte, ocorrida um ano depois - conta como um jornalista desportivo luta contra os gangsters que precipitam a queda de um boxeur caído em desgraça. Deadline USA ocupa-se directamente do papel da imprensa no combate ao crime organizado. Bogart interpreta o editor de um jornal em agonia que decide terminar em glória, denunciando as actividades criminosas de um gangster com ambições políticas. O final é apoteótico. Com o último número na rotativa, o editor põe termo às tentativas de silenciamento do denunciado, dizendo-lhe esta frase inesquecível (com aquela aura de verdade que Bogart punha em tudo o que dizia): «It's the power of the press! And there's nothing you can do about it!»
1 comment:
De certeza que amanhã lá estarei, no Oeiras Parque , normalmente na sessão da 1, a ver com outros olhos este filme.Obrigada e um jinho
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