Friday, October 20, 2006

Maria Antonieta, parte II

As expectativas eram tantas que fui ver o filme ontem mesmo, na estreia. Mas não gostei particularmente. Beleza plástica à parte (o que não é favor nenhum quando é permitido filmar em Versailles e no Trianon), Sofia Coppola não teve o engenho de fazer mais do que uma reconstituição linear da vida da trágica Rainha até à eclosão da Revolução Francesa, seguindo a par e passo a biografia feita pela historiadora Antonia Fraser. Não teve a ousadia de defender até ao fim aquela que parece ser a tese do filme: a de que Maria Antonieta foi a primeira estrela pop de sempre, pelo grau de exposição a que a sua breve existência esteve sujeita. Sofia sugere-o com a excelente banda sonora (em vez de música barroca, temos Siouxsie & The Banshees, the Strokes, New Order, Air e The Cure) mas a subversão do género histórico acaba nesse ponto. Intui-se que a cineasta concebe Maria Antonieta como um ser algures entre Jackie Kennedy e Kate Moss, mas faltou-lhe o golpe de asa para sustentar esse paralelismo durante todo o filme. E é pena.

5 comments:

Maria Clarinda said...

;(* pronto li...e já não vou ver!
Jocas gordas, gostei bastante do outro post , li e reli.
Jocas gordas

MSP said...

pois tenho pena... Embora só crie uma opinião depois de ver, sem ofensa para si ou para quem seja, mas porque acho as rainhas mulheres personagens fascinantes. Pena terem sido tão maltratadas no cinema, livros e até nas escolas. Quanta gente desconhece a valentia duma Cristina da Suécia ou Maria da Escócia? E o que nos vendem são relatos sem mais. Rainhas dramáticas, nenhuma como a Nossa Excelente Senhora - maltratada pela prima e legítimos súbditos de iure pelo menos, senão também de facto - e devassas hábeis nenhuma com a argúcia da minha querida Leonor da Aquitânia... Todas elas nos são transmitidas muito próximas umas das outras só por serem mulheres. Machismo reduccionista cultural é dos piores...
Com um abraço
NC

maria joão martins said...

Concordo totalmente consigo. Também sou fascinada por algumas figuras de Rainhas, algumas das quais da vasta galeria fornecida pela História de Portugal. Recordo, entre tantos exemplos possíveis, a figura ímpar de Isabel, princesa de Portugal, Rainha de Espanha e Imperatriz da Alemanha pelo seu casamento com Carlos V. Machismo reduccionista é precisamente aquilo de acuso a Sofia Coppola. Um abraço.

said...

Querida João, vi ontem o filme...
Percebo agora porque é que o filme foi mal acolhido em Cannes e mesmo apelidado de Lost in Revolution.
O filme é vazio.
(A minha revolta é enorme, depois do Lost in Translation ver isto...)

Beijinho grande

Anonymous said...

Eu gostei do filme. Claro que passa ao lado de muitas coisas, como factos históricos por ex. Mas mesmo assim, dá-nos um olhar diferente sobre Maria Antonieta. Mais humano, penso eu. Bom, mas independentemente do filme ser bom ou mau, a figura de Maria Antonieta é e continua a ser fascinante. Vive la Reine!