
A não perder
Voz amiga insistia devagar, mas firmemente, para que não perdesse Colisão, de Paul Haggis. Mas inebriada pelo aroma a maresia que habitualmente me toma, fui adiando a coisa. Na passada 6ªfeira sentei-me numa daquelas poltronas ultra-confortáveis das salas de cinema do El Corte Inglés, em Lisboa, e dispus-me, finalmente, a responder a apelo tão cordial. Em muito boa hora. Primeiro filme realizado pelo argumentista de Million Dollar Baby, Colisão é, porventura, o grande filme de 2005 e, sem dúvida, uma das melhores e mais inteligentes obras da década. Dizer que trata das contradições duma sociedade que quer mostrar-se politicamente correcta ao mesmo tempo que é profundamente racista, não chega. Do que Colisão trata é do medo do outro que já nos tomou a todos e que nos transforma em potenciais armas de destruição massiva, mesmo que, no fundo de nós, alimentemos a nostalgia do contacto e da espontaneidade.
Passa-se em Los Angeles. Poderia ser Lisboa.
No comments:
Post a Comment