De como fotografei a eternidade com uma máquina descartável.
Roma, 24 de Junho de 2005
Um blog de hedonista acerca de livros, filmes, viagens e afectos.
Cena em que ET se despede do seu grande amigo, Elliott
(porque a distância é coisa relativa, mas, ainda assim, dolorosa... deve ter sido por causa disso que, um dia destes, revi esta cena lavada em lágrimas)
Os amigos
Esses estranhos que nós amamos/
e nos amam /
olhamos para eles e são sempre/
adolescentes, assustados e sós/
sem nenhum sentido prático/
sem grande noção da ameaça ou da renúncia/
que sobre a luz incide/
descuidados e intensos no seu exagero /
de temporalidade pura/
Um dia acordamos tristes da sua tristeza/
pois o fortuito significado dos campos/
explica por outras palavras/
aquilo que tornava os olhos incomparáveis/
Mas a impressão maior é a da alegria/
de uma maneira que nem se consegue/
e por isso ténue, misteriosa: /
talvez seja assim todo o amor
José Tolentino de Mendonça
De Igual Para Igual
Fragonard, The Love Letter
Madame Sade
O homem deu nome ao sadismo, mas, nem por isso, deixou de ter uma vida conjugal de acordo com as conveniências da aristocracia francesa do século XVIII. Falo de Donatien Alphonse, Marquês de Sade, conhecido pelas suas muitas tropelias, algumas das quais passou a escrito em livros como Justine ou os Infortúnios da Virtude. Leio, neste momento, a biografia, não do famoso marquês, mas da sua obscura esposa, intitulada Renée Pélagie, Marquesa de Sade (edição Teorema). Assinada por Gérard Badou, o livro traça o retrato desta jovem duma aristocracia recente que, apesar da sua beatífica educação, se vicia nos jogos de amor do seu caprichoso esposo. Lê-se como um romance e, no entanto, é um retrato bem documentado da sociedade e da cultura francesa nos anos que precederam a Revolução. Excelente!