Thursday, May 31, 2007
Monday, May 28, 2007
A revista feminina mais transgressora da História acaba de completar 10 anos. A francesa jalouse continua a ser um farol para quem se interessa pelo que de mais vanguardista se faz em moda mas também para todos os que se ocupam das culturas urbanas. O número de aniversário revisita o que de melhor publicou durante a década e aponta pistas para o futuro. Aqui seguem os parabéns de uma leitora incondicional.
Thursday, May 24, 2007
Wednesday, May 23, 2007
O craque encaixilhado
Recordo-o envolto numa nuvem de fumo, as pontas dos dedos amareladas pelos cigarros «Porto» que fumava incessantemente. Era assim o meu avô materno, Fernando de seu nome, morto aos 62 anos, um mês depois do 25 de Abril, quando eu ainda não sabia que coisa estranha era essa de perder alguém que ainda ontem nos carregara às cavalitas. Homem alegre, mas marcado pelo duro quotidiano do Portugal salazarista, criara as três filhas à custa de muita acrobacia orçamental e de um silêncio ressentido sobre qualquer assunto que, mesmo de leve, «cheirasse» a Política.
Este meu avô tinha, quando cheguei à sua vida, duas paixões maiores: os dois netos e o Benfica. Contemporâneo dos grandes feitos do clube nos Campeões Europeus, passava os seus melhores domingos no então recém-construído Estádio da Luz. Em tarde de maior empolgamento, chegou a casa determinado a pregar a foto de José Águas na parede da sala, entre os retratos de família. Ao que minha avó se opôs, imagino pelo que dela lembro, com uma determinação tão serena quanto inabalável. O retrato encaixilhado do craque foi guardado numa gaveta, mas meu avô remoía ainda no modo de expressar condignamente a sua paixão pelo «Glorioso».
Numa outra tarde chegou a casa com novidade mais consensual. Um cachorro de pata curta, a indicar que não tomaria maiores dimensões. Já trazia nome, informou. Que era – surpresa das surpresas – Benfica. O animal tão amorosamente designado cresceu em rafeirice e escassa simpatia. Sem que ninguém o instruísse para tal, atacava voluntariamente visitas e cobradores. Tinha, no entanto, um ódio de estimação, a cujos passos, no patamar, reagia, mês após mês. A fúria do animal atingia o auge quando, a medo, com as quotas por cobrar, o homem anunciava de onde vinha: «Benfica!» Sentindo-se provocado ao julgar ouvir o seu nome na boca de um desconhecido, o modesto canídeo adquiria então a raiva de um pittbull. A cena entrou rapidamente no anedotário dos sportinguistas locais, mas jamais beliscou a dedicação clubística da família. Só a minha avó, envergonhada pelo falatório da vizinhança, pensava que, mal por mal, mais valia ter ficado com o retrato de José Águas.
Friday, May 18, 2007
Thursday, May 17, 2007
AMOR
Mi manera de amarte es sencilla:
te aprieto a mí
como si hubiera un poco de justicia en mi corazón
y yo te la pudiese dar con el cuerpo.
Cuando revuelvo tus cabellos
algo hermoso se forma entre mis manos.
Y casi no sé más. Yo sólo aspiro
a estar contigo en paz y a estar en paz
con un deber desconocido
que a veces pesa también en mi corazón
Antonio Gamoneda
Mi manera de amarte es sencilla:
te aprieto a mí
como si hubiera un poco de justicia en mi corazón
y yo te la pudiese dar con el cuerpo.
Cuando revuelvo tus cabellos
algo hermoso se forma entre mis manos.
Y casi no sé más. Yo sólo aspiro
a estar contigo en paz y a estar en paz
con un deber desconocido
que a veces pesa también en mi corazón
Antonio Gamoneda
Manhãs
«Decidiu recordar o que amara na vida. As músicas preferidas, o perfume delicado dos cravos, o sabor da pimenta-preta, o champanhe, o pão fresco, os bons momentos na companhia dos entes queridos, o ar depois da chuva, o vestido azul, os melhores livros. Fora bom, mas não lhe bastara
(...)
Também se lembrou de que gostara muito das manhãs.
(...) o que se passava durante as noites, para que o ar se mostrasse sempre renovado de manhã? Que redenção perpétua era aquela?E porque não se salvavam todos aqueles que o respiravam?
Traidora era aquela luz inefável, promessa de um dia perfeito, genérico muito superior ao filme que se seguiria. Todo o prazer dos dias está na manhã com que começam, dizia alguém».
Amélie Nothomb, Ácido Sulfúrico, Edições Asa
«Decidiu recordar o que amara na vida. As músicas preferidas, o perfume delicado dos cravos, o sabor da pimenta-preta, o champanhe, o pão fresco, os bons momentos na companhia dos entes queridos, o ar depois da chuva, o vestido azul, os melhores livros. Fora bom, mas não lhe bastara
(...)
Também se lembrou de que gostara muito das manhãs.
(...) o que se passava durante as noites, para que o ar se mostrasse sempre renovado de manhã? Que redenção perpétua era aquela?E porque não se salvavam todos aqueles que o respiravam?
Traidora era aquela luz inefável, promessa de um dia perfeito, genérico muito superior ao filme que se seguiria. Todo o prazer dos dias está na manhã com que começam, dizia alguém».
Amélie Nothomb, Ácido Sulfúrico, Edições Asa
Tuesday, May 15, 2007
Friday, May 04, 2007
Thursday, May 03, 2007
Gracias a la vida
(Violeta Parra)
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me dio dos luceros que, cuando los abro,
perfecto distingo lo negro del blanco,
y en el alto cielo su fondo estrellado
y en las multitudes el hombre que yo amo.
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado el oído que, en todo su ancho,
graba noche y día grillos y canarios;
martillos, turbinas, ladridos, chubascos,
y la voz tan tierna de mi bien amado.
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado el sonido y el abecedario,
con él las palabras que pienso y declaro:
madre, amigo, hermano, y luz alumbrando
la ruta del alma del que estoy amando.
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado la marcha de mis pies cansados;
con ellos anduve ciudades y charcos,
playas y desiertos, montañas y llanos,
y la casa tuya, tu calle y tu patio.
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me dio el corazón que agita su marco
cuando miro el fruto del cerebro humano;
cuando miro el bueno tan lejos del malo,
cuando miro el fondo de tus ojos claros.
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto.
Así yo distingo dicha de quebranto,
los dos materiales que forman mi canto,
y el canto de ustedes que es el mismo canto
y el canto de todos, que es mi propio canto.
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
(Violeta Parra)
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me dio dos luceros que, cuando los abro,
perfecto distingo lo negro del blanco,
y en el alto cielo su fondo estrellado
y en las multitudes el hombre que yo amo.
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado el oído que, en todo su ancho,
graba noche y día grillos y canarios;
martillos, turbinas, ladridos, chubascos,
y la voz tan tierna de mi bien amado.
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado el sonido y el abecedario,
con él las palabras que pienso y declaro:
madre, amigo, hermano, y luz alumbrando
la ruta del alma del que estoy amando.
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado la marcha de mis pies cansados;
con ellos anduve ciudades y charcos,
playas y desiertos, montañas y llanos,
y la casa tuya, tu calle y tu patio.
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me dio el corazón que agita su marco
cuando miro el fruto del cerebro humano;
cuando miro el bueno tan lejos del malo,
cuando miro el fondo de tus ojos claros.
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto.
Así yo distingo dicha de quebranto,
los dos materiales que forman mi canto,
y el canto de ustedes que es el mismo canto
y el canto de todos, que es mi propio canto.
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
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