E esta é para o Thiago com todo o carinho do mundo
http://www.youtube.com/watch?v=jZSCIDAEFyU
Friday, March 30, 2007
Monday, March 26, 2007
Desgosto
O que fazer com uma nação que elege Salazar o seu melhor? Talvez deixá-la à sua sorte ou lembrar Manuel Alegre nos tempos em que, por causa de Salazar, Portugal tinha presos políticos, homens e mulheres exilados porque pensavam de maneira diferente da do governo, jovens a morrer em África por causa de um império de papelão, censura intelectual e informativa e milhares de analfabetos só porque o ditador entendia que quem muito lê, treslê.
Trova do vento que passa
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de sevidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Manuel Alegre
O que fazer com uma nação que elege Salazar o seu melhor? Talvez deixá-la à sua sorte ou lembrar Manuel Alegre nos tempos em que, por causa de Salazar, Portugal tinha presos políticos, homens e mulheres exilados porque pensavam de maneira diferente da do governo, jovens a morrer em África por causa de um império de papelão, censura intelectual e informativa e milhares de analfabetos só porque o ditador entendia que quem muito lê, treslê.
Trova do vento que passa
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de sevidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Manuel Alegre
Wednesday, March 21, 2007
Monday, March 19, 2007
Café Império
Há muitos anos que não ia ao Café Império. Não havia porquê. No sábado, passei, entrei e rejubilei. Um espaço que tinha sofrido a triste sorte da Avenida Almirante Reis foi modernizado de forma a honrar a memória dos seus tempos áureos e também do Cinema do mesmo nome, que foi uma das grandes salas de Lisboa. A cereja em cima do bolo é a pequena loja que vende DVD's e souvenirs do café.
Há muitos anos que não ia ao Café Império. Não havia porquê. No sábado, passei, entrei e rejubilei. Um espaço que tinha sofrido a triste sorte da Avenida Almirante Reis foi modernizado de forma a honrar a memória dos seus tempos áureos e também do Cinema do mesmo nome, que foi uma das grandes salas de Lisboa. A cereja em cima do bolo é a pequena loja que vende DVD's e souvenirs do café.
Monday, March 12, 2007
Wednesday, March 07, 2007
Monday, March 05, 2007
Friday, March 02, 2007
In memoriam
Manuel Galrinho Bento (1948-2007)
Na minha adolescência, a relação com o tempo e com o espaço era substancialmente diferente. O mundo não estava à distância de um click e os dias, que se escoavam lentamente, passavam-se com livros da Enid Blyton, pop em vinil e muito futebol. Na minha adolescência, os rapazes iam à baliza só para imitar os voos loucos do homem que ontem partiu cedo demais.
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